A produção estimada para a safra brasileira de café em 2024 é de 58,08 milhões de sacas de grãos beneficiados, 5,5% acima da colheita de 2023, confirmando as expectativas do ano de bienalidade positiva da cultura cafeeira. Já no estado de Minas Gerais, as perspectivas são mais cautelosas, com alta prevista de apenas 0,6% na produção, que deverá chegar a 29,18 milhões de sacas. Os números são do 1º Levantamento da Safra de Café do ano, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no dia 18 de janeiro.
De acordo com o engenheiro agrônomo Willem de Araújo, coordenador estadual da Emater-MG, fatores climáticos têm prejudicado o desempenho da cafeicultura no maior estado produtor do Brasil, nos últimos anos. “Faltou chuva nas regiões produtoras na época de floração no ano passado. E as lavouras ainda estão se recuperando da geada de 2021. Devido a esses fatores, a produção em 2024 ficará abaixo do esperado, frustrando uma safra maior em Minas Gerais”, explica o especialista da empresa estadual de assistência técnica e extensão rural.
A cafeicultura mineira deve sentir em 2024 o efeito das fortes ondas de calor registradas em outubro e novembro do ano passado. “Esse período de calor intenso coincidiu com a fase de florescimento e pegamento das flores, e com o início da formação dos frutos (chumbinhos). O fenômeno climático causou baixo vingamento das flores, queda dos frutinhos e até de folhas”, relata Willem de Araújo. Mas o coordenador da Emater-MG ressalta que somente a partir deste mês de fevereiro será possível avaliar com mais precisão os impactos das intempéries dos últimos meses nas lavouras do estado.
De acordo com o mais recente boletim de estimativa de safra da Conab, nos ciclos de bienalidade negativa, com 2023, os produtores costumam realizar tratos culturais mais intensos nas lavouras. E tem havido ganhos de produtividade, com o aprimoramento tecnológico no setor cafeeiro nacional.
Entretanto, em Minas Gerais, o cenário ainda não é tão favorável quanto nos demais estados produtores, como explica o especialista da Emater-MG: “É porque em 2023 o cenário foi muito ruim. Além das ondas de calor intenso na época da floração, o preço dos fertilizantes esteve muito alto, o que prejudicou os investimentos na manutenção dos cafezais.”
Outro fator de preocupação para os cafeicultores mineiros é o período de chuvas deste início de ano. Com precipitações intensas e constantes, aumenta o risco de disseminação de doenças fúngicas. “Com as chuvas persistentes, há um aumento da umidade e, como estamos no verão, com temperaturas mais elevadas, isso favorece a ocorrência de doenças como a ferrugem, que causa a desfolha das plantas. Além disso, as chuvas também atrasam as práticas culturais como a adubação, o que pode acarretar aumento da queda de frutos e folhas, no período de maior demanda de nutrientes pela planta”, detalha Willem de Araújo.
O coordenador estadual da Emater-MG alerta que o constante monitoramento das pragas e doenças é uma das estratégias para minimizar os possíveis efeitos das intempéries climáticas, bem como a realização de análises foliares, para verificar os níveis de macro e micronutrientes nas plantas, e, consequentemente, orientar a suplementação para garantir a saúde das lavouras.
Outros estados
O 1º Levantamento da Safra de Café da Conab mostra que há expectativa de crescimento de 15,4% na produção de café do Espírito Santo, que deverá chegar a 15,01 milhões de sacas em 2024. O cultivo naquele estado é predominantemente de café conilon, que tem colheita estimada em 11,06 milhões de sacas, o que se confirmado representará aumento de 9% em relação a 2023. Já o café arábica deve apresentar produção de 3,95 milhões de sacas no Espírito Santo (38,2% acima do volume colhido na última safra).
Em São Paulo, é esperada produção de 5,40 milhões de sacas da espécie arábica (crescimento de 7,4% em comparação ao resultado de 2023). Ainda de acordo com a estimativa divulgada pela Conab, a colheita na Bahia deve ser 6,4% maior, com perspectiva de 3,61 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado. Em Rondônia, onde o conilon também é predominante, o volume é estimado em 3,19 milhões de sacas, com acréscimo de 5,1% em comparação à safra anterior.