Colheita da soja se aproxima de 50% da área cultivada no Rio Grande do Sul

As condições climáticas mais secas dos últimos períodos permitiram o aumento da colheita da soja no Rio Grande do Sul, que passou de 38% para 49% do total cultivado na safra 2023/2024, que é de 6.681.716 hectares, com grãos com teor de umidade próximas ao ideal. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (18/04) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), a colheita avançou de forma mais expressiva nas regiões Norte e Oeste do Estado, onde foram colhidos 70%; já no Sul e Leste, a taxa média atinge 30%.

Restam consideráveis extensões de lavouras de soja por colher, especialmente na metade Sul do Estado, onde o ciclo da oleaginosa foi encerrado. Caso o excesso de umidade se prolongue, esses grãos ficarão suscetíveis a perdas pós-maturação, tais como apodrecimento, infestação fúngica, germinação prematura e debulha causada pela oscilação entre a secagem e o umedecimento das vagens. Além de possível impacto negativo na produtividade, há riscos relacionados à operação mecanizada de colheita em terrenos excessivamente úmidos, bem como dificuldades logísticas para o transporte dos grãos até os pontos de armazenamento e comercialização, dada as precárias condições de tráfego nas estradas secundárias, que apresentam acumulação de barro.

A produtividade apresenta variação, mas, em sua maioria, continua excedendo as expectativas iniciais. Essa considerável variabilidade está atribuída, entre outros fatores, ao índice pluviométrico ocorrido durante o ciclo reprodutivo. Observou-se redução significativa desse índice no Sudeste do Estado e, em menor medida, no Noroeste; nas demais regiões, o volume de chuvas foi suficiente. A intensidade da infestação de doenças no final do ciclo também impactou esses resultados. A produtividade média estimada para o Estado é de 3.339 kg/ha.

Em relação ao manejo fitossanitário, continuaram as pulverizações com fungicidas, aproveitando as breves janelas climáticas favoráveis, nas lavouras de ciclo mais longo, semeadas no final de janeiro. Essas aplicações visaram proteger as lavouras contra ferrugem-asiática e outras doenças até o encerramento do ciclo, previsto para o final de abril.

Milho – As operações de colheita, recebimento de grãos para beneficiamento e armazenamento permanecem suspensas, focadas na cultura de soja. As precipitações e a consequente alta umidade, na maior parte do Estado, também inviabilizaram a operação durante o período. Em razão dos fatores apontados, o avanço de área colhida para a cultura do milho foi de apenas 1% em relação ao período anterior, atingindo 78%, estando ainda 16% das áreas em maturação, 5% em enchimento de grãos e 1% das lavouras de milho está em floração. A área de cultivo está estimada em 812.795 hectares, e a produtividade atual em 6.464 kg/ha.

Milho silagem – A colheita e a ensilagem foram prejudicadas pela recorrência de chuvas, que dificultaram e até impediram atividades a campo. Mesmo nos dias iniciais do período, quando não choveu, o predomínio de cerração, ao amanhecer, e os dias nublados não permitiam a redução adequada de umidade provinda das precipitações do período anterior. Apesar dessas condições, as operações estão se aproximando da conclusão, e a produtividade projetada permanece em 35.518 kg/ha.

PASTAGENS E CRIAÇÕES

Durante o período de transição das forrageiras de verão para o inverno, observa-se um cenário de baixa produção de forragem verde, criando “vazio forrageiro”, como é popularmente conhecido. Esse fenômeno agrava-se pela demora na semeadura das forragens de inverno, ocasionada pelo atraso na colheita da soja e pelas condições de umidade elevada no solo. Apesar dessa situação, as áreas semeadas com forrageiras de inverno demonstram emergência satisfatória e desenvolvimento inicial rápido. Em razão das boas condições do tempo, o campo nativo ainda está fornecendo quantidade adequada de forragem para os animais.

BOVINOCULTURA DE CORTE – O rebanho bovino em geral apresenta boas condições corporais. No entanto, há necessidade de redobrar os cuidados, especialmente em relação à lotação adequada de animais sobre as áreas de campo nativo. Essas áreas estão demonstrando um declínio na taxa de crescimento e na qualidade da forragem, prejudicando o ganho de peso dos rebanhos. Seguem as dificuldades no controle de carrapato e mosca, sendo o período de maior infestação do ano.

BOVINOCULTURA DE LEITE – As chuvas intensas causaram problemas devido ao acúmulo de barro, afetando a mobilidade dos animais e a ordenha. A oferta de pastagens, que naturalmente diminui no final do ciclo, está ainda mais comprometida em função do pisoteio e do excesso de chuva. As áreas de campo nativo com boa cobertura estão se destacando, pois não só garantem forragem verde, mas também mostram capacidade de tolerância ao trânsito dos animais, mesmo durante períodos prolongados de chuva.

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