Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, deverá ver uma quebra de safra na sua área de atuação em 2024 na comparação com o ano passado, diferentemente de um aumento antes esperado, o que impactará nas entregas de grãos pelos cooperados, disse seu presidente à Reuters.
Com a colheita caminhando para o final, Carlos Augusto Rodrigues de Melo afirmou ainda que as exportações esperadas para este ano não serão afetadas pela safra menor, já que os produtores têm realizado vendas nos momentos de alta do mercado, utilizando seus estoques. A Cooxupé também é a maior exportadora de café do Brasil.
“A safra atual está praticamente consolidada. A princípio, eu dizia que ela seria uma safra muito parecida com a anterior, com 2023, e até mais, eu dizia que teríamos um acréscimo por volta de 8%… Para a nossa surpresa, por conta desse clima, ela continua sendo parecida com a de 2023, só que… acreditamos que ela será menor do que a safra passada”, disse ele à Reuters, no intervalo de evento da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em São Paulo.
“Não vai crescer na área da Cooxupé”, afirmou ele, referindo-se ao Sul de Minas, Cerrado mineiro e parte de São Paulo, regiões onde a Cooxupé atua e que são as mais importantes produtoras de grãos arábica do país.
Melo lembrou que a cooperativa esperava receber em 2024 cerca de 7 milhões de sacas de 60 kg este ano, incluindo o produto originado de produtores não cooperados, o que seria um aumento de 7,7% na comparação com 2023.
“Mas vai ter uma quebra, essa inversão acho que se pode destacar.”
Questionado se teria alguma possibilidade de crescer o recebimento ante 2023, ele reiterou: “não”.
Ele não fez uma nova previsão de recebimentos para 2024.
Entretanto, de acordo com Melo, o recebimento menor não impacta a exportação prevista.
“A questão de mercado é positiva, o preço está bom, o produtor está mais capitalizado, ele participa só quando lhe convém, quando os preços estão altos”, disse.
O presidente da Cooxupé lembrou que, quando os preços subiram a 1.430 reais a saca na semana passada, houve mais de 100 mil sacas negociadas em um dia. A situação é diferente quando as cotações caem abaixo de 1.400 reais. “Aí são 5 a 10 mil sacas negociadas com a cooperativa.”
“A cooperativa tem comprado muito café, e acreditamos que supre o mercado, só que os estoques mundiais estão baixos e o consumo se mantém.”
A Cooxupé informou anteriormente previsão de embarques de café de 6,8 milhões de sacas em 2024, sendo 5,5 milhões de sacas na exportação e o restante no mercado interno.
Para o ano que vem, o presidente da Cooxupé disse que é muito cedo para fazer projeções de safra, e que muito dependerá das floradas nos próximos meses, que costumam aparecer após temporada das chuvas.
“2025 ainda é incerto, pois estamos muito no início. Mas esse clima, continuando (seco e quente) como está, poderá sim acarretar em mais uma safra menor futura, mas ainda é muito cedo para dizer isso”, afirmou, acrescendo que a lavouras “bem conduzidas”, aquelas que recebem os melhores tratos, “são capazes de superar este momento”.