SÃO PAULO (Reuters) – A safra de cana do centro-sul do Brasil foi estimada em 593 milhões de toneladas em 2024/25, redução de 9 milhões de toneladas na comparação com a estimativa anterior, em meio a impactos da seca e após as queimadas que atingiram várias áreas no Estado de São Paulo, segundo relatório da consultoria Datagro divulgado para imprensa nesta quarta-feira.
“O aumento sem precedentes de casos de incêndio, muitos deles de origem criminosa, na região centro-sul do Brasil no final de agosto despertou maiores preocupações sobre as condições dos canaviais, já bastante impactados pela prolongada estiagem, a serem colhidos durante o último terço da safra 24/25”, disse a Datagro.
Segundo a consultoria, ainda que os impactos dos incêndios ainda estejam sendo mensurados, sobretudo quanto às perdas, “a extensão da área afetada já sinaliza o ambiente desafiador para as operações de colheita, sobretudo diante da necessidade das usinas moerem a cana queimada dentro de um intervalo de até 48 horas para evitar perda significativa de qualidade”.
Com isso, a produção de açúcar do centro-sul do Brasil foi estimada em 39,3 milhões de toneladas na temporada 2024/25, ante 40,025 milhões de toneladas na projeção anterior.
No comparativo com os recordes do ciclo passado, a produção de cana e de açúcar terão quedas de 9,4% e 7,4%, respectivamente, segundo a Datagro.
Já a produção total de etanol do centro-sul (de cana e milho) foi vista em 32,52 bilhões de litros em 2024/25, baixa de 0,44 bilhão por conta dos efeitos na safra de cana, com recuo anual de 3,2%.
A Datagro ressaltou a revisão positiva sobre a produção de etanol de milho, de 7,7 bilhões para 8,0 bilhões de litros em 24/25, correspondendo, portanto, a 24,6% da oferta total de etanol na região para a atual temporada, contra 18,7% em 23/24.
“Isso ajuda a compensar a queda da produção de etanol de cana”, afirmou.
O “mix” de produção para açúcar foi mantido em 49,6%, contra 48,9% na safra 23/24, segundo a Datagro.
“O acompanhamento do impacto dos incêndios e a condição geral do canavial na safra 24/25 e as perspectivas para 25/26 continuam a ser monitorados, e eventuais refinamentos de estimativa poderão ser realizados à frente”, esclareceu.
(Por Roberto Samora)