Sete estados do Brasil têm enfrentado um cenário de restrição de diesel, o combustível mais consumido do país, em plena colheita da soja e o pico do escoamento muito próximo de acontecer. O estudo foi realizado pela consultoria Posto Seguro, que ouviu entre os dias 15 e 16 de janeiro mais de 85 postos e Transportadores Revendedores Retalhistas (TRRs).
Dentre esses estados, estão importantes produtores de grãos do país, como Mato Grosso, o maior produtor de soja do Brasil, além de Mato Grosso do Sul e Bahia. A colheita nesses estados deve ganhar ritmo nas próximas semanas e também, logo mais, entrará o pico do escoamento de grãos no país, que normalmente ocorre entre fevereiro e março e demandará mais diesel.
Segundo Nélio Wanderley, CEO da consultoria, o cenário de restrição não significa falta do produto. “O que está acontecendo é que os postos ou TRRs, ao fazerem os pedidos, não conseguem ter a compra na totalidade desejada liberada pelas distribuidoras ou elas dão um prazo maior para a entrega, porque se elas atenderem a todos, não terão mais produto”, diz.
Esse cenário, portanto, acende um alerta no mercado de combustíveis, como ocorreu na metade do ano passado.
“A partir de agora, o que devemos ver acontecer, será uma intensificação das compras por parte dos importadores de combustíveis em nosso país, só que isso leva um tempo para ser feito. Então, acredito que apenas em meados do mês de fevereiro é que essa situação de restrição deverá estar resolvida”, destaca o especialista ao Notícias Agrícolas.
O Brasil também enfrenta restrição de outros combustíveis, como gasolina – com impacto em oito estados –, e seis têm problemas com o etanol.
Wanderley explica que essa restrição está relacionado com paralisações programadas em refinarias do país, principalmente as da Petrobras. “Cinco refinarias entraram em manutenção no ano passado. Apesar de elas se prepararem com estocagem para esse tipo de situação, elas dependem da dinâmica de mercado, que registrou maior consumo em 2023”, diz.
Mais uma refinaria da empresa Acelen, no estado da Bahia, também entrará em paralisação nos próximos dias.