A ajuda oferecida ao Rio Grande do Sul para o auxílio ao atendimento às vítimas das enchentes pelo Uruguai foi recusada pelo governo do presisdente Lula. A recusa veio mesmo depois de um pedido às autoridades feito pelo governador Eduardo Leite no último sábado (4). São 80,68% do estado afetado pelas cheias.
O país enviaria ao Rio Grande do Sul duas lanchas motorizadas com suas tripulações, dois drones com operadores para busca de pessoas isoladas e um avião de transporte Lockheed KC-130 H Hercules, que poderia, inclusive, transportar as lanchas para as regiões afetadas e também ajudar no transporte de doações arrecadadas no Uruguai.
Surpreendentemente, a justicativa do governo federal, segundo o jornal Folha de São Paulo, foi de que os equipamentos não eram necessários no momento.
Surpreende já que o números de óbitos chega a 95 no estado, há quatro sob investigação, o número de municípios afetados sobe para 401, são mais de 48,7 mil pessoas em abrigos, 159.036 mil desalojados e quase 1,5 milhão de pessoas afetadas de alguma forma pelas cheias, segundo o boletim da Defesa Civil trazido às 18h desta terça (7). O reporte aponta ainda que há 372 feridos e 131 desaparecidos.
“Recebemos a informação extraoficial de que o comando (operacional) no Rio Grande do Sul achou que não era necessário”, disse à Folha José Henrique Medeiros Pires, secretário-executivo do governo do Rio Grande do Sul.
O que o governo diz, pelo Ministério da Defesa, é que não há pistas disponíveis para o pouso da aeronve em Porto Alegre. No entanto, o secretário rio-grandense afirmou que há outros aeroportos operacionais no estado, com condições para receber a ajuda.
Enquanto Lula recusa ajudas valiosas, declarações de seus ministros também preocupam. A ministra do Planejamento e do Orçamento afirmou que “o dinheiro chegará no tempo certo” porque os prefeitos ainda não sabem a dimensão dos prejuízos de seus municípios, já que as águas ainda não baixaram.
“Só quando essa água abaixar é que, lamentavelmente, nós vamos ver a extensão imensa do custo, do estrago e da tragédia nacional que está sendo a situação do Rio Grande do Sul”, disse Tebet a jornalistas no Palácio do Planalto.
Já a líder da pasta da Igualdade Racial, Anielle Franco, fez um pedido ao Ministério do Desenvolvimento Social para que as famílias ciganas, quilombolas e de terreiros sejam priorizadas na distribuição de alimentos.
Em nota, a CNM (Confederação Nacional dos Municípios) destaca a falta de ações mais eficientes do governo federal.
“Passados oito dias do início do desastre sem precedentes no Rio Grande do Sul, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) alerta para a falta de apoio efetivo do governo federal aos gestores municipais e de assistência à população. Já são mais de 90 mortes e 48.147 mil desabrigados, segundo dados da Defesa Civil Estadual. Sobre desalojados e desaparecidos, os dados informados pelos Municípios no S2iD, do MIDR, revelam situação dramática. São mais de 283 mil desalojados e 470 pessoas desaparecidas, sendo 300 apenas em Eldorado do Sul, Município que foi 100% inundado. E o que temos até o momento são promessas, burocracias e uma população que resiste pelo seu próprio esforço e pela corrente de solidariedade”, afirma a CNM.
Os relatos de quem está efetivamente ajudando as vítimas nas cidades afetadas são claros sobre a ação conjunta e solidária dos civis neste momento. O povo ajudando o povo.
“Nós, aos poucos, vamos reerguendo esse estado porque, graças a Deus, o povo é forte. Os civis estão fazendo uma grande diferença. Tem gente abandonando barcos, jet skis porque estraga o motor, mas os civis estão salvando. Um ajudando ao outro”, afirma a diretora da De Baco Corretora, Rita De Baco. “O povo entra de caminhonete, troller, jeep, de todas as formas que você imaginar. É um cenário de guerra, muitas pessoas desaparecidas, sirenes o tempo todo, helicópteros”.
Do mesmo modo, a produtora rural Gabriela Tonial relata que ela, o marido e mais uma equipe vão a Roca Sales nesta quarta-feira (8) cozinhar para as vítimas das enchentes. “Vamos em umas quatro caminhonetes, levar uma churrasqueira e fazer uma comida quentinha pra eles. Porque lá não tem mais nada. Nem cozinha, água, luz, nada”.
No site da Jovem Pan, uma das manchetes de hoje era a de que os voluntários têm feito mergulhos arriscados e usando até suas pranchas de surfe para salvar pessoas e animais em Porto Alegre.
“Os voluntários, armados com barcos, caiaques e pranchas de surf, enfrentam adversidades para alcançar aqueles que ainda estão em perigo. O resgate é amplo, incluindo desde o salvamento até o fornecimento de atendimento médico e psicológico, alimentos, bebidas e transporte seguro para abrigos. A situação é agravada pela escassez de recursos básicos, como água potável e eletricidade, com a cidade operando em capacidade reduzida devido ao comprometimento de suas estações de abastecimento de água. A dedicação dos voluntários é evidente, com relatos de resgates arriscados, mergulhando sob obstáculos para alcançar as vítimas, muitas das quais relutantes em abandonar seus lares”, traz a reportagem, direto da capital gaúcha.
Embora em alguns locais os níveis da água estejam baixando e algumas atividades possam ser retomadas – como o funcionamento de unidades do Ceasa e de indústrias de captação de leite, por exemplo – em muitos outros a situação tem se agravado, com cidades inteiras perdidas, além das perdas nas áreas rurais, de lavuoras, animais e infraestruturas, o que irá exigir do poder público estratégias detalhadas de reconstrução.
Enquanto isso, inúmeras instituições do agronegócio brasileiro, produtores rurais, sindicatos rurais e lideranças seguem organizadas, sendo mais uma frente de trabalho importante e efetiva no socorro imediato ao Rio Grande do Sul.
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