Embora a semana comece sem a referência da Bolsa de Chicago para o mercado da soja, em função do feriado do Memorial Day nos Estados Unidos, os olhos de todos os mercados estão voltados para o país e para as condições de climáticas em que se desenvolve a safra 2024/25. Afinal, “o plantio está caminhando para a fase final da janela ideal e assim, se houver atrasos, isso pode ser positivo para as cotações, com o mercado ainda focado no caminhar dos produtores americanos e das previsões de clima nso EUA”, explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Enquanto isso, os produtores brasileiros vão aproveitando a boa combinação de fatores para a formação de preços de soja por aqui, com Chicago ainda bem acima dos US$ 12,00 por bushel, prêmios fortalecidos e dólar superandos os R$ 5,00. “No Brasil, negócios fluindo e produtores aproveitando para fechar, devendo rodar muito insumo que ainda não andou para a nova safra”, complementa o consultor.
Os modelos atualizados de clima para o Meio-Oeste americano, neste início de semana, de fato, preocupam, bem como as condições que foram registradas neste final de semana. Um frio intenso tira o sono de produtores de diversas regiões do cinturão, com até mesmo a chegada de neve em um momento fora de época ou algumas geadas, além de chuvas bastante intensas.
E as previsões apontam para mais dias de precipitações intensas, de volumes elevados continuando a chegar a importantes regiões produtoras, dificultando os trabalhos de plantio, segundo o meteorologista do portal DTN The Progressive Farmer, . De acordo com o especialista, tal cenário poderia intensificar novamente as preocupações do mercado com a possibilidade de uma redução de área por parte dos produtores americanos. No meio da semana, as áreas podem ter um breve respiro, mas um novo sistema traz mais chuvas para o final desta semana e para o final de semana.
Os volumes maiores são esperados para o oeste dos Estados Unidos, como mostram os mapas abaixo. Na primeira imagem, as chuvas esperadas para os próximos cinco dias, já na segunda, para sete dias. Estados como a parte oeste de Iowa e do Missouri, além do Nebraska, Kansas, Oklahoma e Texas. Todavia, também são esperadas chuvas para os estados mais a leste, como Illinois, Indiana e Ohio, além de Wisconsin.
Para o período de 1 a 5 de junho, o mapa da NOAA, agência oficial de clima dos EUA, ainda sinaliza chuvas acima da média para toda a região produtora. No mesmo intervalo, as temperaturas deverão ficar acima do normal para o período no oeste norte-americano, porém, dentro da normliddade ou apenas levemente acima da média para o leste, com destaque para a metade norte de estados com Illinois, Indiana e Ohio.
Na previsão um pouco mais alongada, de 3 a 9 de junho, o mapa muda e as chuvas ficam abaixo da média no norte do país, dentro da normalidade em uma estreita faixa no centro dos EUA, e acima do normal no centro-Sul. As temperaturas voltam a se elevar em praticamente todo território norte-americano, variando a intensidade.
Diante disso, para o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro, “não há grandes preocupações, portanto, já que no máximo até o dia 3 de junho as temperaturas voltam a subir. Então, sem problemas sérios por enquanto”.
Desta maneira, os mercadoas estarão atentos à confirmação ou não das previsões do tempo e, naturalmente, da respostas dos campos de soja e milho nos Estados Unidos diante deste quadro. Até aqui, há alguns relatos pontuais de necessidade de replantio de milho, pressão de daninhas na soja e de pragas em milho convencional.
“Teremos de ver algumas decisões rápidas sobre replantio no milho”, afirma o agrônomo Ken Ferrie, do portal Farm Journal. “E cada campo terá uma reação diferente, dará sua resposta específica”.
Ferrie ainda chama a atenção para os ataques de pragas à soja, a escolha dos herbicidas mais eficientes e os melhores momentos de aplicação, bem como a quantidade de aplicações.
O boletim semanal de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traria nesta segunda-feira (27) foi adiado para a terça (28), por conta do feriado do Memorial Day. O reporte deverá trazer os primeiros dados das condições das lavouras norte-americanas, além do progresso do plantio, que permitirá ao mercado conhecer um pouco mais de como as safras estão se comportando neste cenário.
E assim, os mercados deverão retomar suas operações pós-feriado ainda mais focado na nova safra dos Estados Unidos. “Essas chuvas que temos pela frente não vão permitir que o plantio avance (como veio avançando nas últimas semanas), há algumas áreas com excesso de umidade como Illinois, Indiana, Nebraska e grande parte do Missouri, e isso nos preocupa porque a semeadura pode voltar a se atrasar de novo”, explica o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
Seu outro ponto de alerta é para a transferência do El Niño para o La Niña e os impactos que a confirmação deste outro fenômeno poderia trazer para a nova safra de grãos dos Estados Unidos.