No dia 29/02 foi realizada em Piracicaba-SP a oitava edição da Expedição Custos Cana, evento idealizado pelo Pecege Consultoria e Projetos sobre os custos e rentabilidade do setor sucroenergético. De acordo com os dados apresentados, o custo caixa agrícola em R$/ton da safra 2023/24, ou seja, o que foi efetivamente desembolsado, apresentou queda de 15% quando comparado ao ciclo anterior.
Dentre os principais motivos que contribuíram com esse cenário mais positivo está o aumento de 16% na produtividade agrícola, em função do volume de chuvas acima da média em algumas regiões durante o período de entressafra da 2022/23 e início da safra 2023/24. Além disso, outro ponto foi a redução nos preços internacionais de diversos insumos, em especial fertilizantes, em decorrência da estabilização da oferta em 2023, após o conflito entre Rússia e Ucrânia. Somado a isso, a queda na demanda influenciada pela desvalorização nas cotações dos grãos, e elevados estoques de produtos, também contribuiu para reduções nos preços de insumos e um contexto mais favorável na safra que se encerra.
Entretanto, mesmo com a redução no custo caixa agrícola, alguns dispêndios apresentaram movimento de alta. A recomposição salarial em função da defasagem inflacionária e a dificuldade de contratação em algumas categorias pressionaram os custos com mão de obra. Ademais, a valorização no preço do ATR (Consecana SP) refletindo o comportamento das cotações internacionais do açúcar pressionou o custo com arrendamento.
De forma geral, para a safra 2024/25 espera-se a continuidade do movimento de retração nos preços dos insumos agrícolas. Porém, a redução da produtividade para números mais próximos aos patamares históricos, e a perspectiva de queda no preço de fechamento da matéria-prima contribuem para a atual projeção de 14% de alta no custo caixa agrícola em R$/ton para o próximo ciclo.
* Carol França e Ana Carolina Ferreira França são analistas de Custos do Pecege Consultoria e Projetos