A passagem de setembro para outubro foi marcada por volumes significativos de chuvas em grande parte do país, com destaque para as regiões Norte, Centro Oeste e Sudeste. Esse aumento nas precipitações pôs fim ao período de estiagem, que vinha dando condições favoráveis às queimadas que afligiram diversas regiões nos últimos meses, especialmente o bioma amazônico, pantaneiro, cerrado e a porção oeste do estado de São Paulo.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que, até o dia 21 de outubro, foram registrados 22,5 mil focos de incêndio, uma redução de 72,8% em comparação ao observado em setembro, mês em que houve o maior número de ocorrências registradas dos últimos 14 anos.
Na região Norte, o volume de chuvas observado nas primeiras semanas de outubro tem contribuído para a normalização do nível do Rio Madeira, que em 2024 registrou sua cota mínima histórica, conforme dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Em relação ao La Niña, o CPC-ENSO do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) indica em suas previsões mais recentes uma probabilidade de 60% de predominância da fenômeno entre janeiro e março de 2025. No entanto, segundo o instituto, as previsões baseadas no modelo IRI sugerem continuação das condições neutras entre outubro e dezembro de 2024.
O fenômeno é caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico. No Brasil, está associado à chuva acima da média no Norte e Nordeste, e abaixo da média no Sul, além de provocar frio mais intenso. No entanto, ainda é cedo para determinar a intensidade exata desses efeitos.
Segundo o Prognóstico Agrometeorológico do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os próximos três meses devem apresentar predomínio de chuvas próximas ou abaixo da média em grande parte da região Norte, devendo ser acompanhada de uma temperatura do ar acima da média histórica. Os níveis de umidade do solo na região devem apresentar melhora a partir de novembro.
Na região Nordeste, o modelo do INMET também indica precipitação abaixo da média histórica na maior parte dos estados, com exceção do sul da Bahia, que pode apresentar volumes expressivos de chuva. A temperatura do ar deve se manter acima da média, mantendo os baixos níveis de umidade do solo nos próximos meses.
Da mesma forma, para a região Centro Oeste, o instituto projeta um predomínio de chuvas próximo ou abaixo da média climatológica em grande parte da região nos próximos meses. As previsões acerca da temperatura do ar indicam uma trajetória que deve se manter acima da média, contribuindo para eventuais dias de excesso de calor em algumas localidades. Essa dinâmica deve contribuir para reduzir os níveis de umidade em praticamente toda a região, com exceção de parte do Mato Grosso do Sul.
Na região Sudeste, a previsão para o trimestre indica predomínio de precipitação próximas ou abaixo da média na maior parte de Minas Gerais, enquanto devem ser registrados volumes de chuva levemente acima da média na maior parte dos demais estados da região. Por outro lado, a temperatura tende a permanecer acima da média na maior parte dos estados.
Na região Sul, a previsão indica condições favoráveis para chuvas acima da média em praticamente toda a sua extensão territorial. A temperatura do ar deve se manter acima da média e o balanço hídrico indica níveis elevados de umidade do solo.