A safra de 2024 de café está em pleno desenvolvimento e apesar das condições do tempo serem positivas para a qualidade da bebida, as altas temperaturas e o tempo muito levantam preocupações para a safra do ano que vem.
É certo afirmar que ainda é muito cedo para falar de impactos negativos na produção de 2025, mas em diversas regiões o déficit hídrico já chama atenção. Na região da Alta Mogiana, de acordo Saulo Faleiros, vice-presidente executivo da Cocapec, não chove de forma significativa há mais de 100 dias.
“Essa última chuva que chegou em algumas áreas do parque cafeeiro, não chegou aqui para a nossa região e os últimos meses também foram marcados por máximas acima da média, o que aumenta o déficit hídrico” afirma. Segundo o porta-voz, apesar da colheita em andamento, a chuva continua sendo muito esperada e necessária.
Ainda assim, existe certo receio por parte do produtor já que uma chuva fora da época ideal poderia induzir a abertura de uma florada e “gastar energia” da planta no momento errado.
Segundo Alysson Fagundes, pesquisador da Fundação Procafé, as condições do solo nos últimos meses realmente chamam atenção. “É um dos anos mais desafiadores que nós já vimos nos meses que nós estamos, pode ser que chova e mude tudo, mas déficit hídrico, nesse nível e nessa época, é a primeira vez que nós estamos vendo na Fundação Procafé”, afirma.
Os dados coletados nas estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), confirmam que há mais de 90 anos não há registro de precipitação significativa no Sudeste do Brasil. De acordo com o mapa, todas as áreas de arábica e conilon tiveram até 100mm de chuva no período. Veja o mapa abaixo:
As informações divulgadas recentemente pela Cooxupé são semelhantes.Departamento de Geoprocessamento (SISMET) mostraram pouca chuva registrada a partir de maio. Segundo a cooperativa, todos os municípios registraram déficit hídrico acima de 20mm, sendo registrado até 44mm na região do Cerrado Mineiro, em Patrocínio.
“Em decorrência do baixo registro de chuva, somado às altas temperaturas e o registro de déficit hídrico, o armazenamento de água no solo foi comprometido. Entretanto, com exceção à Nova Resende, com 74,5% de água armazenado no solo. Por outro lado, todos os demais munícipios registraram armazenamento de água no solo abaixo de 43,5%. Acionando, por fim, o sinal de alerta para o período de seca antecipado. Embora as chuvas reduzam no mês de maio historicamente, em maio de 2024 foram muito abaixo da média, com pouca chuva”, afirma a publicação.
Já com relação as temperaturas, a Cooxupé destacou temperatura pelo menos dois graus acima da média em todas áreas de atuação da cooperativa e média de 2,7ºC acima do histórico.
“No mês de maio, as estações meteorológicas da Cooxupé registraram altas temperaturas. Aliás, muito acima dos dados históricos em todos os municípios acompanhados. Isso com registros acima de 2°C acima da média em todas as estações e média geral de 2,7°C acima do histórico”, afirmou o último relatório.
Os especialistas afirmam que o cenário ainda pode ser revertido se as chuvas chegarem na hora certa. A grande incerteza do setor é justamente com as previsões que indicam a possibilidade de um La Niña nos próximos meses. Nos últimos três anos com influência do fenômeno climático, produtores sentiram os efeitos da seca severa e também das geadas nas áreas de café.
COMO SERÁ O INVERNO?
Segundo o prognóstico de Inverno publicado pelo Inmet, o inverno no Sudeste terá um predomínio de chuva abaixo da média. A exceção é a possibilidade de ocorrência de precipitação acima da média em áreas pontuais do litoral sul de São Paulo, por conta da passagem de frentes frias, segundo o Instituto.
As temperaturas, de forma geral, devem ficar acima da média em grande parte do Sudeste. Entretanto, existe a possibilidade de queda na temperatura média do ar devido à entrada de massas de ar frio em alguns dias, podendo ocorrer formação de geadas em pontos isolados de regiões com altitude elevada.