Perspectivas e Projeções para o Setor Sucroenergético: Câmbio, Clima, Produção e Preços

Panorama Geral 
A taxa de câmbio é uma variável crucial na análise do mercado de açúcar e etanol, impactando tanto o preço de paridade de combustíveis quanto a formação do preço do açúcar. Observamos uma valorização cambial ao longo do tempo, situando-se atualmente entre R$ 5,00 e R$ 5,30 por dólar americano.

Ao analisarmos a curva futura do câmbio, a taxa de câmbio no momento está com pressões autistas, demonstrando uma desvalorização nas semanas recentes frente ao fortalecimento do dólar, com a taxa mais recente oscilando em torno de R$ 5,10 por dólar ao fim de 2024.
Esse comportamento tende a beneficiar os exportadores, uma vez que um câmbio mais alto resulta em preços maiores (em R$) para o açúcar comercializado no mercado externo. Em contrapartida, essa desvalorização também eleva os custos importação de insumos utilizados no canavial, como fertilizantes e defensivos.
  
Clima 
A precipitação mensal no período de dezembro de 2023/24 ficou significativamente abaixo da média histórica, representando um grande desafio, pois o verão é responsável por 80% da formação da biomassa da cana-de-açúcar. Entre novembro e janeiro, as chuvas foram esparsas e irregulares, combinadas com temperaturas elevadas, que inibem a produção da planta. As condições climáticas desfavoráveis impactarão negativamente a produtividade esperada para a safra 2024/25.

Dois fatores contribuem para essa perspectiva negativa: primeiro, a colheita anterior incluiu uma participação elevada de cana planta, reduzindo sua disponibilidade para a safra 2024/25; segundo, as condições climáticas adversas. Saindo de uma safra recorde de 87,3 t/ha, a previsão para a safra 2024/25 é de uma produtividade de 79,2 t/ha, conforme o último boletim de mercado do Pecege Consultoria e Projetos. 
Além disso, o mix de produção de açúcar pode, pela primeira vez na história, superar 50% do ATR destinado ao açúcar, em contraste com a redução contínua do mix de etanol.
 
Produção 
Encerramos a safra 2023/24 com uma produção de 654,434 milhões de toneladas de cana. Para a próxima safra 2024/25, as estimativas iniciais indicam uma produção em torno de 611,834 milhões de toneladas.
Desde a safra 2021/2022, observamos um aumento na moagem. No entanto, para a safra 2024/2025, está prevista uma redução de 6,51%.

Etanol
O etanol tem apresentado uma tendência de queda desde 2021. Na safra 2023/2024, os preços médios do etanol hidratado e anidro são estimados em R$2,19 e R$2,57, respectivamente. Analisando o gráfico abaixo, percebemos um cenário mais pessimista para a safra 2024/2025, devido à previsão de menor valorização do Brent (US$/barril). Utilizamos essas variáveis para projetar o mercado do etanol. No entanto, o otimismo decorre da redução na produção de etanol, que deve passar de 27 bilhões de litros para 24 bilhões de litros. A menor oferta total de ATR, ou indiretamente de volume disponível de etanol, pode criar um ambiente propício para a valorização do etanol.

Açúcar
O açúcar permanece como o destaque do setor, com projeções significativas de R$ 126,54 por saca de 50 kg para o açúcar cristal branco e R$ 106,60 por saca para o açúcar VHP. Projetamos um preço de fechamento de ATR de 1,1156 para a safra 2024/2025, impulsionado por uma recuperação dos preços do açúcar nos meses de janeiro e fevereiro, além de uma leve recuperação do etanol hidratado. Com base neste cenário, nossa projeção é de um ATR próximo de R$ 1,1156.
 
 

 

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