(Reuters) -As chuvas intensas que têm atingido o Rio Grande do Sul desde o início desta semana já deixaram ao menos 37 mortos e mais de 70 desaparecidos, afetando quase metade dos municípios do Estado, de acordo com o balanço mais recente da Defesa Civil gaúcha, e as autoridades ainda aguardam a confirmação de mais mortes.
Segundo comunicado da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, divulgado no início da tarde desta sexta-feira, o desastre climático no Estado também deixou mais de 23.000 pessoas desalojadas.
O órgão ainda relatou que as chuvas afetaram quase metade dos 497 municípios gaúchos — 235 –, alguns com ruas transformadas em verdadeiros rios, com diversas estradas e pontes destruídas.
O temporal também provocou deslizamentos de terra e o rompimento de parte da estrutura da barragem da usina de geração de energia 14 de Julho, na bacia do Rio Taquari-Antas, em Cotiporã, na Serra Gaúcha.
As autoridades também alertaram para o risco de rompimento de uma barragem da Represa de São Miguel, na cidade de Bento Gonçalves, e determinaram as saídas de pessoas que moram em áreas que podem ser afetadas.
Na capital Porto Alegre, a Defesa Civil alertou a população para a condição do Rio Guaíba, que recebeu expressivos volumes em razão das fortes chuvas e ultrapassou sua cota de inundação. Todos os acessos ao centro histórico da cidade foram bloqueados.
O governo gaúcho decretou estado de calamidade pública, com mais de 300 mil clientes de distribuidoras sem energia elétrica.
Cientistas disseram à Reuters que o Estado virou o exemplo do que as mudanças climáticas podem fazer com eventos já considerados extremos, mas que vêm atingindo proporções cada vez piores em um mundo que não consegue conter o avanço da temperatura global.
Em setembro do ano passado, o Rio Grande do Sul também ficou debaixo d’água, devido à passagem de um ciclone extratropical, em uma inundação que já era considerada histórica, com mais de 50 mortes registradas.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais na quinta-feria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que o fenômeno atual “não é simplesmente mais um caso crítico, é o mais crítico que provavelmente o Estado terá registro na sua história.”
Ele acrescentou que o número de mortes pelas chuvas “será ainda mais do que isso porque não estamos conseguindo acessar determinadas localidades. Infelizmente esses números vão ainda aumentar.”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou na quinta-feira para visitar locais atingidos e se reunir com o governador para uma reunião emergencial em Santa Maria, a fim de discutir os esforços para resgates e mitigação de danos causados pelas chuvas.
Em discurso na reunião, Lula afirmou que não faltarão recursos da parte do governo federal para reparar os danos materiais e humanos, dizendo que o Executivo estará 100% à disposição da população da região.
O Ministério da Defesa informou na quinta-feira que ampliou o efetivo de militares direcionados para a região, de 335 para 626, além de informar o envio de 45 viaturas, 12 embarcações e cinco aeronaves para os esforços emergenciais no local.
(Por Fernando Cardoso, em São PauloEdição de Pedro Fonseca)