A onda de frio dos últimos dias atingiu o ápice em diversos municípios do Centro-Sul do Brasil durante a madrugada e início da manhã desta terça-feira (13). Em Palmas-PR, vídeos mostram termômetros marcado a temperaturas de 7°C negativos por volta das 6h. Em diversas áreas da Região Sul foram registradas geadas sobre culturas de inverno e, no Paraná, houve o registro de uma lavoura de aveia congelada.
Quem mostrou a lavoura congelada foi o produtor Laercio Dalla Vecchia, no município de Mangueirinha-PR. Por meio de um veio gravado de dentro da lavoura, o agricultor mostra um termômetro com a temperatura de 6,2° negativos com o sensor colocado sobre as plantas.
Como ele relatou, a lavoura de aveia ficou congelada por conta da baixa temperatura. “Completamente congelado. É só gelo. Temperatura com recorde negativo aqui no sudoeste do Paraná. Essa é a nossa indústria a céu aberto”, afirmou o produtor.
Ao Notícias Agrícolas, Laercio contou que a aveia não conseguiu suportar essas mínimas e outras perdas aconteceram no estado paranaense. “Infelizmente morreu a aveia. Ela suporta frio, mas também uma temperatura tão baixa assim, ela não conseguiu suportar. Pegou vários lugares, pegou trigo, pegou bastante coisas no Paraná”, completou.
Segundo ele, o sudoeste do Paraná pegou bastante geada, mas ainda será necessário esperar cerca de dois ou três dias para o trigo demonstrar se houve danos e em qual dimensão. “Indo aqui no sudoeste, sentido Cascavel, pegou bastante trigo aqui na nossa região. Do sudoeste sentido Cascavel” acrescentou.
No estado paranaense, pelo que indica o último boletim de tempo e cultivo do Departamento de Economia Rural (Deral), 27% das lavoursa estão em fase de desenvolvimento vegetativo, 25% em floração, 38% em frutificação e 10% em maturação. As áreas mais avançadas estão no norte do Paraná, onde a colheita já teve início.
Pelo que indicam os registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ocorreram geadas fortes sobre o sul do Paraná e norte e sul do Rio Grande do Sul. Também tiveram registros de intensidade moderada sobre o extremo sul e a região central do estado gaúcho, e fraca na região de Porto Alegre.
Impacto das geadas no trigo do Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, maior estado produtor de trigo do Brasil, o agricultor Fernando Manfio, do município de Erval Seco, situado no noroeste gaúcho, estima que as perdas podem chegar a 50% da lavoura. Como ele relatou, 10% da área plantada, que abrange entre 20 e 30 hectares, já estava com cacho, pois plantou uma cultivar mais prococe.
De forma geral, como mostra o mais recente Informativo Conjuntural da Emater/RS, as lavouras de trigo do Rio Grande do Sul estão 98% em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo, enquanto que os outros 2% estão em fase de floração.
O produtor de Jorge Strobel, do município de Condor-RS, também registrou geada na sua lavoura, porém não deve ter danos por conta do estádio de desenvolvimento das plantas. “Nesta fase em que se encontra o trigo, não há prejuízo algum com a formação de geada sobre a cultura de trigo. Até é benéfico”, declarou o agricultor.
Pelo que indica o Inmet, para a manhã da quarta-feira (14), há maior risco de novas geadas para o nordeste gaúcho, centro e leste de Santa Catarina e leste do Paraná. Há também alerta de perigo potencial para as demais áreas do Rio Grande do Sul, oeste catarinense e sudoeste, centro e nordeste paranaenses.
Enquanto isso, nesta terça-feira o tempo segue bastante seco sobre o Brasil-Central, há um alerta vermelho, de grande perigo, para baixa umidade entre Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Pelo que mostra o Inmet, existe possibilidade de umidade relativa do ar abaixo de 12% e grande risco de incêndios florestais e à saúde para pessoas com doenças pulmonares.