• Com um começo de safra caracterizado pelo atraso no plantio na França e Alemanha, o que provavelmente resultou em uma diminuição da área cultivada em ambos os países, as projeções para a produção total no continente são agora mais positivas em comparação com as estimativas feitas há dois meses.
• Entretanto, a colheita 24/25 na União Europeia deverá registrar uma redução de 2M mt em relação à safra atual, intensificando a pressão sobre o balanço global. Como resultado, o trigo europeu, que vem enfrentando desafios de competição com o trigo russo nas safras recentes, tende a manter sua posição menos competitiva no período de 24/25.
• Além disso, a diminuição na produção europeia, até o momento, não parece ter o potencial de exercer uma pressão significativa de alta nos contratos futuros de trigo. No entanto, a produtividade ainda está sujeita a variações substanciais até a conclusão da colheita no continente.
Após um início de safra marcado pelo atraso do plantio na França e Alemanha, que provavelmente levou a uma redução da área plantada em ambos os países, o mercado começa a analisar qual será o impacto dessa menor área plantada sobre a produção total da EU. É o que mostra o recente relatório da hEDGEpoint Global Markets.
“Neste relatório, esse impacto, bem como outros fatores relevantes, serão analisados para trazer um panorama geral sobre a safra de trigo 24/25 da EU e abordar outros assuntos relevantes para o mercado europeu”, diz Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da companhia.
Impacto da menor área deve ser significativo, mas menos relevante do que inicialmente previsto
“No último relatório em que abordamos a safra europeia de 24/25 (clique aqui para acessar), as primeiras estimativas não-oficiais apontavam para uma possível redução de 8M mt sobre a produção total do continente. A expectativa no início da safra já era de uma redução da área plantada na EU, devido principalmente ao cenário baixista dos preços, mas as fortes chuvas em novembro levaram a um significativo atraso no plantio, levando a uma redução ainda maior”, explica Alef.
Cerca de dois meses depois, com o avanço da safra e uma maior clareza sobre a redução total da área plantada e a situação da safra em outros países, entende-se que esse impacto deve ser menor.
De acordo com o analista, “considerando uma queda de cerca de 10% nas áreas plantadas da Alemanha e França, e um rendimento menor na segunda, a próxima safra deve ser cerca de 2M mt menor do que a safra 23/24. Isso se deve ao fato de que a produtividade no restante do continente deve ser maior, reduzindo o impacto da menor área plantada”.
Agora o foco é a produtividade
“Com maior clareza sobre o impacto na área plantada, a produtividade é o principal fator a ser observado nos próximos meses. Em termos de temperatura, não se veem muitos indicativos de uma deterioração da safra europeia no momento”, afirma.
Praticamente todo o continente deve observar temperaturas acima da média nos próximos dias, e mesmo caso esse cenário se altere, a cobertura de neve em diversos países produtores está acima da média dos últimos 15 anos.
Em termos de precipitação, o cenário traz mais preocupações. Apesar das fortes precipitações no início da safra, a umidade do solo em diversos dos principias países produtores se encontra abaixo da média dos últimos anos. Contudo, as previsões apontam para uma mudança desse cenário nos próximos dias.
Após um início de safra marcado pelo atraso do plantio na França e Alemanha, que provavelmente levou a uma redução da área plantada em ambos os países, as estimativas de produção total do continente são mais otimistas do que há dois meses.
Todavia, a safra 24/25 na UE ainda deve ser 2M mt menor do que a safra atual, trazendo mais pressão sobre o balanço global. Com isso, o trigo europeu, que já vem sofrendo com a competição com o trigo russo nas últimas safras, deve seguir menos competitivo em 24/25. Adicionalmente, essa redução na produção europeia não parece ser – até o momento – capaz de trazer uma pressão relevante de alta para os contratos futuros de trigo. Contudo, a produtividade ainda está sujeita a fortes variações até a colheita da safra no continente.