Levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que, apesar de um cenário de queda nos preços de importantes insumos agrícolas, como fertilizantes, defensivos e sementes, a receita líquida de produtores de soja de importantes regiões do Brasil pode ser negativa na safra 2023/24.
Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário está atrelado ao menor preço de negociação da soja e à queda na produtividade – vale lembrar que a maior parte das lavouras foi prejudicada pelo clima desfavorável, por conta da atuação do fenômeno El Niño.
Esse contexto acende um alerta no setor, já que pode resultar em dificuldades para pagar investimentos. Sojicultores podem precisar renegociar dívidas ou até mesmo vender maquinários. Ressalta-se que o Cepea não considerou o arrendamento, ou seja, a situação de um produtor arrendatário é ainda pior.
Dentre as regiões avaliadas pelo Cepea – Sorriso (MT), Rio Verde (GO), Dourados (MS), Cascavel (PR) e Carazinho (RS) , apenas a praça do Sul do País que pode apresentar margem positiva na safra 2023/24. Neste caso, o resultado positivo se deve à recuperação na produtividade da soja de Carazinho nesta temporada frente à anterior (2022/23). Vale lembrar, porém, que a temporada 2022/23 de Carazinho foi fortemente prejudicada pelos efeitos do La Ninã, ou seja, a comparação atual está sendo feita com um cenário de baixa produção.
Já para as demais praças, o Cepea estima margens negativas. Em Sorriso, por exemplo, o Cepea estima, até este momento, prejuízo parcial de 370 Reais/hectare na safra 2023/24, contra retorno positivo de 1.421 Reais/ha na safra anterior.
Para estas estimativas, o Cepea considerou os custos operacionais efetivos levantados por meio do Projeto Campo Futuro, parceria entre o Cepea e a CNA, via painel, os preços de negociação da soja entre janeiro/24 e fevereiro/24 e os valores dos insumos adquiridos de janeiro a setembro de 2023.