Nesta terça-feira (23), o mercado da soja encerrou os negócios na Bolsa de Chicago em campo positivo, porém, perdeu bastante de sua força ao longo do dia. Depois de operar com ganhos de dois dígitos no início da tarde, os futuros da oleaginosa concluíram o dia subindo de 6,50 a 7 pontos nos contratos mais negociados, com o setembro sendo cotado a US$ 10,71 e o novembro a US$ 10,75 por bushel. O agosto foi a exceção e fechou a sessão com uma pequena baixa de 0,25 ponto, valendo US$ 11,17.
Ainda na CBOT, fecharam o dia em campo positivo os mercados do milho, do farelo e do óleo de soja, todos também perdendo um pouco de força ao longo do pregão. O trigo manteve-se em campo negativo e concluiu a terça-feira com baixa de mais de 1% entre os contratos mais negociados.
O dólar também voltou a subir e caminha para concluir os negócios desta terça-feira perto dos R$ 5,60, com alta de mais de 0,4%, e a combinação com os ganhos de Chicago, mais uma vez, traz oportunidades melhores para os produtores brasileiros. Afinal, os prêmios também estão positivos e complementam o tripé formador de preços da soja no mercado brasileiro em bom momento.
“Os prêmios estão estáveis na alta e nos melhores momentos do ano. Os prêmios futuros também estão todos positivos, não temos prêmios negativos para 2025, seguimos firmes, e os mercados internos estiveram todos em alta, em média, R$ 2,00 por saca melhores do que nesta segunda-feira”, afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. “E para a safra nova também estamos próximos dos melhores momentos do ano para 2025, como sinalizam os números”.
Nos portos, a soja 2023/24 chegou a testar preços entre R$ 143,00 e R$ 145,00 por saca, com os prêmios para setembro superando indicativos de mais US$ 1,00 por bushel sobre os valores praticados em Chicago.
ALTAS NA BOLSA DE CHICAGO
O mercado internacional refletiu, mais uma vez, um combo de informações que, nesta semana, inclui as questões políticas e fundamentais.
Embora mais chuvoso neste momento, com elevados volumes concentrados mais ao leste do cinturão, o tempo nos EUA para as próximas semanas pode indicar condições de menos precipitações e temperaturas acima da média para o período, diante dos atuais estágios de desenvolvimento das lavouras.
As chuvas previstas para os próximos sete dias nos EUA, como mostra o mapa do NOAA – o serviço oficial de clima norte-americano -, deverão ser bastante intensas e já trazem alguma preocupação.
Já para o período dos próximos 8 a 14 dias, de 30 de julho a 5 de agosto, os mapas sinalizam temperaturas acima da média e chuvas abaixo em toda a região do Corn Belt.
As condições preocupam já que tanto os campos de soja, quanto os de milho estão em fases fundamentais para a definição da produtividade. Ontem, no final da tarde, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe a manutenção do índice de lavouras de soja classificadas como boas ou excelentes em 68%, número que segue bem acima do mesmo período do ano passado.
O mercado, entretanto, se atenta ao comportamento das lavouras a partir deste ponto, em especial na porção oeste do Corn Belt. “Quanto mais se vai ao oeste, mais seco está e precisa de mais atenção”, afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Além do clima e dos ganhos do milho, o mercado da soja tem suporte também pelo bom momento dos preços do suínos na China, que continuam subindo. “No spot, os preços passaram de 20 iuans por quilo em algumas localidades, as máximas em 18 meses. A curva dos futuros em Dalian está muito invertida. O spot está acima de 20 iuans por quilo e o vencimento março, logo após o feriado lunar, é negociado a 15,2 iuans/kg”, explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. “Os comentários não mudaram Se trata de um aperto na produção de leitões, mas principalmente produtores segurando animais para a segunda engorda, uma prática comum na China”.
Paralelamente, o cenário político também permanece no radar dos mercados, os quais seguem ainda digerindo a desistência de Joe Biden à corrida presidencial nos EUA – com a possibilidade de crescente de Kamala Harris ser a candidata do partido Democrata.