O início de 2024 tem sido de desvalorizações consecutivas para os derivados da soja, diante da perspectiva global de mais oferta dos produtos e da desvalorização do grão. A redução do preço internacional resultou em queda também para os preços internos. Os dados da Secex mostram que nos dois primeiros meses de 2024 (fevereiro até 4ª semana), o Brasil embarcou 3,4 milhões de toneladas de farelo de soja. A margem de esmagamento no Mato Grosso apresentou melhora significativa, sobretudo em fevereiro.
No primeiro mês do ano, o farelo apresentou queda de 11,8% em Chicago, seguindo em fevereiro também em queda, de 4,6%. Já o óleo, apesar de quedas menos intensas, também recuou em janeiro e fevereiro, 4,6% e 3,6%, respectivamente. A expectativa de aumento no esmagamento global, resultando em maior oferta, segue exercendo pressão nas cotações, além da grande safra de soja projetada para a Argentina, maior fornecedor global de derivados.
Em janeiro, o farelo acumulou desvalorização de 12,2% na praça de Rondonópolis, a R$ 1.904/t. Em fevereiro, o farelo fechou, na média, em R$ 1.763/t (-7,4%). Para o óleo, no MT, as quedasforam de 1,8% em janeiro e de 5% em fevereiro, coma tonelada a R$ 4.031.
As exportações de farelo estão 23% acima do primeiro bimestre do ano passado. Quanto ao óleo, o caminho é inverso, sendo que as exportações estão bem menores no primeiro bimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, com embarques alcançando 110 mil toneladas, 75% abaixo. Para atender ao B14, o consumo interno de óleo de soja deve crescer 25% esse ano, para 8,4milhões de toneladas.
Com uma maior queda do grão relativamente aos derivados óleo e farelo, a margem de processamento passou a 20% em janeiro e 24% em fevereiro, patamares melhores que os observados no fim de 2023, de cerca de 19%.
Preços do biodiesel em movimento de alta
Os estoques de farelo e óleo cresceram rapidamente nos portos chineses entre dezembro e janeiro, com mudanças no sistema de quarentena e uma provável redução no consumo de ração. O mercado de biodiesel observou a primeira elevação de preços em 2024 ao longo da primeira metade de fevereiro. A Índia anunciou que aumentará os esforços para elevar a produção local de oleaginosas, como parte dos planos para reduzir as importações de óleos vegetais.
Com uma aceleração do processamento para entregas de contratos do mercado interno e uma queda na importação de óleos, os estoques chineses de farelo e óleo de soja cederam. Além disso, as margens de esmagamento e de produção de suínos na China voltaram a valorizar, o que deve incentivar um retorno da demanda chinesa para a soja brasileira
Os dados da ANP até a semana do dia 11 de fevereiro, mostram elevação de 0,32% nos preços médios do biodiesel no Brasil, que saíram de R$ 4,1178/l para R$ 4,1309/l. A justificativa é de que o mercado spot se encontra pouco ofertado, com as usinas voltadas para a contratação antecipada, tendo em vista a entrada em vigor do B14 agora em março. Diante disso, a disponibilidade de biodiesel para o mercado físico deverá ficar mais restrita que o normal e relativamente mais justa que o visto ao longo de 2023, quando a mistura era de 12%, o que tende a manter o movimento de valorização para o biocombustível.
A Índia é o maior importador global de óleos vegetais, com mais de dois terços do consumo, de cerca de 23 milhões de toneladas por ano, originado de outros países. A Índia compra óleo de palma principalmente da Indonésia, Malásia e Tailândia, enquanto importa óleo de soja e óleo de girassol da Argentina, Brasil, Rússia e Ucrânia. A meta do governo indiano é reduzir a atual dependência das importações de óleo de 60% para 30% nos próximos cinco anos.