O mercado da soja teve uma quarta-feira (26) bastante volátil, testou os dois lados, mas encerrou o dia com pequenas baixas de 0,50 a 4,50 pontos nos contratos mais negociados. O julho fechou o pregão com US$ 11,62 e o novembro – referência para a safra americana – com US$ 11,07 por bushel.
Parte das perdas da soja na CBOT, segundo explicaram os analistas de mercado da Agrinvest Commodities, se deu pela nova disparada do dólar frente ao real. A moeda americana caminha para fechar a quarta-feira acima dos R$ 5,50 e com mais de 1,3% de alta, mais uma vez, repercutindo as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em uma entrevista, o presidente voltou a afirmar que mais cortes de gastos não são necessários se arrecadação aumentar. “Como a gente pode falar em gastos se a gente está abrindo mão de uma quantidade incrível de recursos que os empresários têm que pagar?”. Assim, a divisa ganhou ainda mais força, rompeu os R$ 5,50 – testando máximas em quase dois anos – e pressionou não só a soja, mas outras commodities também.
“E com o dólar subindo, o preço da soja em reais acaba ficando mais atrativo, levando os produtores brasileiros a acelerarem suas vendas para a safra 2024/25”, informa a Agrinvest.
Segundo relata Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, os negócios no Brasil estiveram próximos de 300 mil toneladas de soja, com os preços entre R$ 1,00 e R$ 2,00 por saca mais altos do que os registrados no dia anterior.
No interior do país, as altas chegaram a testar os 5%, como foi o caso de Maracaju/MS, onde a saca fechou com R$ 126,00. Nos portos, os indicativos fecharam a quarta-feira entre R$ 140,00 e R$ 142,00 por saca.
Além do movimento do câmbio, no cenário fundamental, o mercado está dividido.
“Os fundamentos da soja na CBOT continuam divididos, trazendo volatilidade. De curto prazo, vamos ver mais quedas nas condições das lavouras e provávis reduções de área plantada e colhida. Rentabilidade baixa e inundações no estado de Iowa. Mesmo assim, no médio prazo, a falta de demanda na exportação e o grande estoques de passagem continuam pesando”, explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
E no final desta semana, no dia 28 de junho, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz novos dados de área plantada nos EUA – com ajustes em relação aos números de março – e dos estoques trimestrais de grãos norte-americanos em 1º de junho. Ambos os boletins, em especial os de área, deverão mexer com o andamento as cotações daqui em diante.
Assim, até que os novos números sejam reportados, os mercados devem seguir voláteis, trabalhando com a expectativas para os boletins.
As expectativas indicam um leve aumento de área para soja, milho e trigo em relação aos números trazidos em março.
Para a soja, as expectativas de área do mercado variam de 34,6 a 35,41 milhões de hectares, com média de 35,11 milhões. Há três meses, a área estimada para a oleaginosa era de 35,01 milhões. Na safra 2023/24, os EUA cultivaram 33,83 milhões de hectares.