Além dos fatores já conhecidos pelo mercado e que vem pressionando os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, as notícias de que os Estados Unidos estão importando produto do Brasil pesam ainda mais sobre os preços. Na tarde desta segunda-feira (29), perto de 16h15 (horário de Brasília), as cotações recuavam entre 6,75 e 15,50 pontos, levando o março a perder os US$ 12,00, trabalhando já com US$ 11,93 por bushel, enquanto o maio também já se aproximava deste patamar, operando com US$ 12,04.
As informações são de que uma processadora da Costa Leste comprou alguns volumes de soja brasileira e desde a última semana as informações – que começaram com rumores que vieram se confirmando – têm pesado sobre os futuros da oleaginosa, como explicam os analistas da Agrinvest Commodities. Ao lado das compras americanas – de cerca de três cargos -, há mais fatores exercendo pressão sobre as cotações, também já há algumas semanas.
“As recentes quedas têm como fundamento a baixa demada chinesa, a Argentina com uma grande produção e, mais recentemente, a importação por parte dos EUA de soja brasileira”, afirma o time da Agrinvest. “E hoje, correndo por fora, aparece outro ponto negativo para para a soja na CBOT que é o efeito Donald Trump”. Como explicam os especialistas da consultoria, uma notícia publicada pelo The Washington Post nesta segunda-feira apontou que Trump – que vem ganhando bastante força nas primárias da corrida presidencial nos EUA deste ano – estuda taxar em até 60% os produtos que deverão ser importados da China em sua totalidade.
Confirmada a eleição de Trump e a medida, uma nova guerra comercial poderia se iniciar – como aconteceu em sua primeira passagem pela Casa Branca -, já que “naquela oportunidade, a China retaliou com imposição de impostos sobre a soja norte-americana em 25%, o que levou os contratos futuros a serem negociados na casa dos US$ 8,00 por bushel”, explica a Agrinvest. “A eleição nos EUA promete ainda muita volatilidade, não só para o câmbio, mas também para os contratos futuros de soja”.
O contraponto de uma situação como esta, em que Donald Trump volta a ser o presidente norte-americano, é a possibilidade de a China concentrar por aqui suas compras, como fez em 2018. Na ocasião, o movimento do maior comprador mundial da oleaginosa fez com que os prêmios subissem fortemente, levando os prêmios, ainda de acordo com a Agrinvest, a serem negociados até US$$ 3,00 poor bushel acima dos preços em Chicago.
Além destes cenários, a nova despencada do óleo de soja – de mais de 3% nesta segunda-feira – foi mais um fator de peso sobre os preços do grão. Somou-se a isto as mínimas em 40 meses sendo registrada pelos futuros do farelo de soja na Bolsa de Dalian, mercado futuro chinês.
O que traz certo equilíbrio ao mercado é a Argentina trazendo alguns sinais – ainda prematuros – de alerta, com previsões de mais 10 dias de tempo quente e seco, as revisões que continuam se apresentando para baixo sobre o tamanho da safra do Brasil e os fundos ainda muito vendidos.
“Segundo a World Weather Inc. o clima seco na Argentina continuará esta semana, estressando as lavouras de milho e de soja, especialmente em Buenos Aires e La Pampa. Já para a próxima semana, há melhor potencial de chuvas para o país. O serviço meterológico mostra que o sul e o oeste do Brasil permanecerão praticamente secos esta semana, embora as chuvas se espalhem gradualmente para essas áreas na próxima semana. Enquanto, o Nordeste brasileira continuará recebendo chuvas favoráveis”, informa o Grupo Labhoro.