Depois de um início conturbado e de baixas intensas, o final desta semana é de alta para os preços dos grãos negociados na Bolsa de Chicago. Quem lidera o avanço é o trigo – que chegou a subir mais de 3% durante os negócios desta sexta-feira (19) -, puxando os futuros da soja e do milho na carona. Perto de 11h55 (horário de Brasília), as cotações do cereal subiam mais de 15 pontos, com o setembro sendo cotado a US$ 5,51 e o dezembro a US$ 5,76 por bushel.
Segundo informou a Agrinvest Commodities, na manhã de hoje foi registrado um acidente de radiação em Rostov, na Rússia, “e uma grande nuvem com emissão de isótopos radioativos está viajando em direção a Saratov. O índice de radiação está bastante elevado. Em abril, autoridades da cidade de Khabarovsk, na Rússia, declararam estado de emergência uma área em função de uma fonte de radiação ter sido encontrada.
“Com isso, a oferta de exportação de trigo russo pode ser afetada, já que o mercado se pergunta quem vai comprar do país com este risco de contaminação”, disseram os analistas da consultoria.
Além das preocupações com a qualidade e os riscos do grão da Rússia, o mercado em Chicago é motivado também pela demanda melhor pelo trigo norte-americano. “Ontem, o USDA surpreendeu ao reportar vendas semanais de trigo de 578 mil toneladas, acima das expectativas do mercado”, complemetou a Agrinvest. “No acumulado da temporada 2024/25, já tems 7,718 milhões de toneladas comprometidas com a exportação, contra um ritmo de 5,187 milhões do mesmo período do ano passado”.
GANHOS DA SOJA
No mesmo momento, a soja subia na carona e os contratos mais negociados registravam ganhos de 1,50 a 5,25 pontos, com o agosto voltando aos US$ 11,03 por bushel, enquanto o novembro tinha US$ 10,45. Além do estímulo do trigo, o mercado também recebeu boas notícias da demanda pela oleaginosa americana nesta semana.
Ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma venda de soja 2024/25 de mais de 500 mil toneladas para destinos não revelados – que o mercado especula se tratar da China, que já vinha atuando no mercado norte-americano – e trouxe um fôlego a mais ao mercado. Ainda assim, monitora os compradores que permanecem concentrados no Brasil, em especial as processadoras privadas chinesas, diante da competitividade ainda considerável.
Por outro lado, “os preços têm mantido sob controle em relação ao clima favorável no Corn Belt americano, inclusive com o Monitor de Seca nos EUA apontando ontem (18) redução da seca em estados como Illinois, Indiana e Ohio”, informa o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. “O modelo GFS, gerado nessa manhã, prevê de maneira resumida até o dia 22, acumulados leves no oeste de Iowa, sudoeste de S. Dakota, parte do sudeste americano e sul de Luisiana. Nos próximos 10 dias, acumulados leves a moderados no sul e leste do Corn Belt, como também no sul de Minnesota e Iowa, com tendência de maiores volumes no sudeste e estados do Delta”.
As condições favoráveis de clima no Corn Belt mantêm presentes as perspectivas de uma boa safra vinda dos EUA, o que é importante fator de monitoramento em Chicago.