O mercado da soja passou esta quinta-feira, 4 de julho, sem a referência da Bolsa de Chicago, com o feriado nos Estados Unidos em comemoração ao dia da independência. Assim, o foco dos agentes passou a ser o dólar e sua baixa frente ao real. Perto de 15h40 (horário de Brasília), a moeda americana cedia mais de 1%, sendo cotada a R$ 5,49, pressionando os indicativos da oleaginosa no cenário nacional.
“Alguns compradores permaneceram ativos no mercado no Brasil, com preços entre estabilidade e quedas frente aos valores de do dia anterior em função do dólar”, afirmou o time da Pátria Agronegócios.
Nesta semana, as cotações já chegaram a testar preços recordes para a soja brasileira disponível, em especial nos portos, com Chicago ainda acima dos US$ 11,00 por bushel e o dólar testando os R$ 5,70 antes dos ajustes. Os negócios avançaram com os produtores aproveitando os bons momentos. No porto de Santos, por exemplo, a referência chegou a ultrapassar a testar algo entre R$ 150,00 e R$ 155,00 por saca no disponível, enquanto foi aos R$ 140,00 para a safra nova.
“O mercado tomou este fôlego e agora vai muito da base produtiva entender se é oportunidade ou não usufruir dos atuais patamares. O mercado da soja subiu, se recuperou, em especial em função dos prêmios, que bateram recorde na tarde desta quarta-feira (3), mas também pela conta em dólar, o que melhorou muito a contabilidade do produtor que ainda tem soja para vender e aquele que ainda precisa fazer cobertura de custos para 2025”, explica Matheus Pereira, diretor da Pátria.
Acompanhe a íntegra da entrevista de Pereira à edição desta quinta-feira do Bom Dia Agronegócio no Notícias Agrícolas:
“As exportações brasileiras já chegam a 76 milhões de toneladas no acumulado do ano, a serem embarcadas neste ano, sendo 2% maior do que no ano passado, que teve sim uma safra recorde, – mesmo tendo menos produto – e 20% acima da média dos últimos anos. Estamos com um volume de embarques mais acelerado, justificando os prêmios altos e com tendência ainda de alta. Temos a China precisando da nossa soja, margem do suinocultor muito saudável, margem do esmagamento mediana, sendo fatores favoráveis ao disponível”, diz.
E embora as referências ainda permaneçam atrativas, perderam um pouco de força nesta quinta-feira em função da baixa do dólar. Em algumas praças de comercialização, as baixas chegaram a até R$ 4,00 por saca, segundo relata o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Nos portos, as cotações também cederam em relação às máximas da sessão anterior, testando até R$ 5,00 a menos do que se observou na última terça-feira (2).
A demanda pela soja brasileira segue ainda bastante forte, acima do registrado no mesmo período do ano passado, o que ajuda a justificar os prêmios fortes para o produto disponível.
NA BOLSA DE CHICAGO
No mercado internacional, o desenvolvimento da nova safra dos Estado Unidos continua como principal driver dos mercados e um marco importante é, justamente, o feriado do Dia da Independência para uma avaliação dos campos americanos.
“Depois do feriado americano, tradicionalmente, existe uma fase de queda se a safra está indo bem. A grande questão agora é se o mercado vai se sustentar ou não a partir desta sexta-feira vai depender da continuidade dos negócios, da pressão e da agressividade compradora de óleo de soja – que veio dando suporte nesta semana, principalmente de Índia e China que estão no mercado comprando, mas não se sabe se eles vão continuar, já que este mercado é feito de momentos – e o mercado pode perder o fator que estava dando suporte na semana”, afirma o consultor.
Na sexta-feira (5), o mercado retoma seus negócios na CBOT, porém, atuando apenas por meio período, o que vai exigir ainda mais atenção e cautela dos agentes para a reabertura das operações na semana que vem.
“Pelo andar do clima americano, é bem possível que o mercado comece a desacelerar as altas que teve nos últimos dias. Se fizermos um paralelo da soja com o milho, o milho ficou fraco, sinal de que a soja, assim que parar a demanda de óleo – que vai parar também nos próximos dias -, também se acomode e possa perder de 10 a 20 pontos e perdermos novamente aqui em reais, algo como até R$ 2,00 a R$ 3,00 por saca nas cotações que estão sendo praticadas agora. Tecnicamente, a tendência é essa, e ela depende da demanda por óleo de soja”, detalha Brandalizze.
Assim, nesta quinta-feira, as cotações no balcão cederam, bem como nos portos brasileiros, também esfriando um pouco mais o ritmo dos negócios. Para agosto, os terminais testaram R$ 142,00 por saca, contra algo como R$ 147,00 – na região de Paranaguá – já observado nestes últimos dias. Para a soja da safra nova, os portos chegaram a pagar até R$ 140,00 nesta quarta, contra os R$ 138,00 dos indicativos de hoje, em um mercado mais tímido pela falta de Chicago.