A primeira sessão desta semana foi de pressão para os preços da soja na Bolsa de Chicago e o mercado encerrou o dia com baixas de pouco mais de 10 pontos nos contratos mais negociados. O maio concluiu o dia com US$ 11,87 e o agosto com US$ 11,99 por bushel. O mercado do grão acompanhou os derivados, com o óleo realizando lucros e fechando com mais de 1,5% de baixa e o farelo, mais de 0,5%.
O mercado do óleo de vegetais até estão em um bom momento, sustentado, principalmente, pelo óleo de palma. No entanto, passa por correções depois do avanço recente.
“Se pegamos os últimos 12 meses, há uma queda forte no fluxo. A produção está caindo mais rápido do que as exportações, portanto os estoques estão baixando (do óleo de palma, inclusive) na Malásia, Indonésia. Só o óleo de girassol que está crescendo. No caso do milho, do trigo e do óleo de girassol, por conta da guerra Rússia x Ucrânia, sempre há um grande desconto apesar do volume reduzido, e isso acaba balizando o mercado por baixo. Mas, o mais importante neste momento é a queda de produção e o comércio do óleo de palma, o óleo de palma está ficando mais caro que o óleo de palma, e isso não faz sentido nenhum. O óleo de soja é mais nobre. E assim, temos um suporte para os óleos e isso dá um suporte para a soja”, explica Eduardo Vanin, analista da Agrinvest Commodities.
O mercado veio devolvendo parte das baixas da sessão anterior, ao passo em que se ajusta também à espera de novas informações. “O mercado de soja foi pressionado pelo andamento da colheita brasileira, bem como pela ausência de maiores problemas nas áreas da Argentina’, afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
Além disso, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, esta é uma semana muito mais de informações técnicas e econômicas – em especial com a super quarta que traz a decisão de juros nos EUA e no Brasil – do que fundamentais. “Os fundamentos virão na semana que vem, com os dados de área que o USDA vai divulgar”, afirma. “É por isso que está neste movimento de ‘serrote’, flutuando no negativo e positivo, sem espaço para cair e sem fôlego para subir”.
MERCADO BRASILEIRO
O consultor explica ainda que o Brasil carrega cerca de 100 milhões de toneladas de soja – entre safra velha e atual – sem fixar, e este volume vai competir espaço e navios com o milho nos próximos meses nos portos brasileiros, em especial entre julho e agosto. E o ritmo de negócios, embora tenha melhorado nas últimas semanas, ainda segue lento, bem aquém dos anteriores.
“E isso pode não ser muito atrativo e produtivo para o produtor lá na frente. E a maioria das empresas de insumos fecha seus balanços agora em abril, ou seja, o ano comercial das empresas vence agora em abril, e todo mundo que está com vendas atrasadas quer fazer movimentos agora. E estemos sentindo que há muitas empresas valorizando o grão, pagando mais do que vale para tentar giar os insumos porque depois de maio eles entram no novo ano deles, com tabela nova, tudo novo, e há mais um ano pela frente para negociar. Por isso temos dito que é um ano de relação de troca para se manter competitivo”, detalha Brandalizze.
Assim, com as baixas em Chicago e o dólar subindo nesta segunda-feira, superando os R$ 5,00, os preços no mercado brasileiro permaneceram praticamente estáveis, principalmente no mercado de balcão. E os negócios acontecem, em especial, na forma de trocas, ainda como explica o consultor.
No mercado de lotes, o porto de Rio Grande testa indicativos de R$ 124,00 – no spot – a R$ 131,00 para julho. No porto de Paranaguá, os preços indicam de R$ 124,00 no maio até R$ 131,00 no julho, “e o pessoal indicando que estão saindo negócios”. E para os próximos dias, ainda segundo Brandalizze, o ritmo dos negócios deve melhorar.
Para os prêmios, a semana começa melhor, já que na CBOT as cotações recuaram. Os valores são melhores do que os da última sexta tanto em Paranaguá, como em Rio Grande, detalha Brandalizze, testando de 5 a 8 pontos melhores, em média, já indicando posições positivas a partir de agosto.