O mercado da soja segue trabalhando com estabilidade no pregão desta terça-feira (9) na Bolsa de Chicago. A semana, de acordo com analistas e consultores de mercado, já se iniciou carregando uma tendência de caminhar de lado à espera dos novos boletins da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), nos dias 10 e 12.
Assim, perto de 13h50 (horário de Brasília), o janeiro continuava do lado negativo da tabela, perdendo 1 ponto, enquanto os demais subiam de 0,25 a 1,25 ponto, com o março sendo cotado a US$ 12,45 e o maio com US$ 12,55 por bushel.
No paralelo, o mercado segue atento ao desenvolvimento da safra sulamericana, à melhora do clima e às previsões que mostram bons sinais também para os próximos dias, com chuvas consideráveis chegando a regiões importantes de produção. Há volumes previstos para todo o Brasil até, pelo menos, o dia 13 de janeiro. No entanto, para alguns locais estas chuvas já chegam tarde demais e em outros, apenas promovem um estancamento das perdas.
Até lá, porém, as consultorias privadas no Brasil seguem revisando seus números e indicando uma safra de 145 a 155 milhões de toneladadas, com cerca de menos de 1% da colheita concluída no país.
“O modelo GFS, atualizado nesta manhã, indica para os próximos 10 dias acumulados acima de 120 mm no noroeste do MT, centro-sul de MG e oeste do RS. Acumulados moderados a fortes para a maior parte do MT, MG, GO, TO, leste de SP, leste do PR, leste de SC. Acumulados leves a moderados previstos para o MS, PI, MA, sul do MT, norte de MG, oeste da BA, oeste de SP, oeste do PR, oeste de
SC e leste do RS”, traz o informe diário do Grupo Labhoro.
Nesta terça, o mercado da soja também encontra suporte em uma alta generalizada das commodities, com ganhos de mais de 1% do milho e de 2% no trigo na CBOT, bem como do óleo, que sobe mais de 1%. No complexo, além do grão, é o farelo que também opera com estabilidade, porém, do lado negativo da tabela. O primeiro vencimento perdia 0,14% para US$ 368,00 por tonelada curta.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, os preços vêm sentindo a lateralidade ou a baixa das cotações na Bolsa de Chicago, já sinalizando um recuo em todas as principais regiões produtoras. No mercado de balcão, no Rio Grande do Sul, por exemplo, os indicativos perderam até R$ 2,00 por saca. Em demais locais, as perdas chegaram a até R$ 3,00, segundo levantamento da Brandalizze Consulting.
“O balcão já está dando sinais de que está entrando em período de safra, mesmo que a oferta ainda seja limitada e com os problemas confirmados na colheita, mas a questão é que o produtor vendeu pouco antecipado e agora precisa fazer caixa, tem que entregar soja para a soja girar, não tem onde segurar essa soja em armazém”, explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. “Ainda há cerca de 25 milhões de toneladas de soja da safra velha e essa soja nova tem que girar, por isso que o mercado de balcão está pressionado”.
Nos portos, os preços também recuaram. As referências variam de R$ 128,00 a R$ 132,00 por saca, com o mercado acomodado, “dando sinais de que março e abril, que são os meses mais críticos, já estão entre R$ 126,00 e R$ 130,00. É um mercado que deve caminhar”, complementa o consultor. “Por enquanto é pressão e a pressão é complicada nestes dois meses de muita oferta porque não tem onde colocar, é colher e mandar para os portos e, automaticamente, isso pressionou os portos, que têm os menores níveis do ano”.
Brandalizze ainda analisa o comportamento dos prêmios, que também estão mais acomodados agora, depois de um movimento de boas altas entre os últimos 90 a 120 dias. Atualmente, a posição “mais negativa” é o abril, com -70 cents de dólar por bushel sobre os valores praticados em Chicago na oferta do comprador, enquanto a pedida do vendedor é de -50. Apenas na posição de agosto é que os prêmios se mostram positivos, ainda de acordo com o especialista.
Um levantamento da Royal Rural mostra que cerca de 30,41% da safra 2023/24 – estimada ainda em 157,420 milhões de toneladas – já foram comercializados, contra 26,99% da temporada anterior e 37,70% da média plurianual. Números apurados pela consultoria mostram ainda que o lineup da soja nos portos brasileiros em janeiro já chega a 2,950,28 milhões de toneladas, com a China ainda na liderança e Santos concentrando a maior parte dos embarques previstos.