A intensificação da pecuária atualmente é primordial para garantir rentabilidade do segmento, a qual pode ser assegurada por melhor desempenho produtivo e melhor eficiência alimentar. A bovinocultura de corte também almeja a obtenção de carcaças com melhores acabamentos, que podem agregar valor no momento de sua comercialização. Além disso, os consumidores estão cada vez mais preocupados com a saúde e o bem-estar. Estratégias como a modificação do perfil de ácidos graxos dos produtos oriundos de ruminantes como a carne e o leite têm sido adotadas para obter uma menor proporção de ácidos graxos saturados, os quais geralmente estão associados ao risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Uma forma de alcançar estes objetivos é utilizar dietas com maior densidade energética.
O uso de lipídeos na nutrição animal tem passado por inovações e vem sendo bastante discutido nos últimos anos. Em fazendas leiteiras, por exemplo, é possível aumentar a densidade energética das dietas, melhorar a fertilidade e reduzir o estresse térmico quando incluímos fontes de gorduras na alimentação das vacas.
No Brasil cresce a oferta de ingredientes com alto teor de lipídeos, como DDG, caroço de algodão, gérmen de milho gordo, entre outros. Lembrando que o uso de gorduras protegidas também vem aumentando na alimentação de bovinos. As dietas ricas em energia oriundas de lipídeos são metabolicamente mais seguras, pois diminuem os riscos de acidose ruminal e também reduzem a produção e emissão de metano.
Limitações e alternativas
No entanto, por questões fisiológicas, existem limitações na inclusão de lipídios, por apresentar toxicidade aos microrganismos ruminais e reduzir a digestão de fibras. E mesmo após chegar ao intestino é pouco absorvido, já que os ruminantes não produzem sais biliares, fosfolipídeos e lipase pancreática de forma eficiente para emulsificar e absorver a gordura, sendo eliminada nas fezes sem aproveitamento.
Uma alternativa é realizar o fornecimento de lecitina de soja integral como emulsificante para promover a incorporação de ácidos graxos e aumento de sua absorção no intestino delgado devido a sua capacidade de passar pelo rúmen e também aumentar a digestibilidade das gorduras, ações que permitem a utilização de níveis mais elevados de gordura na dieta sem causar danos à fermentação ruminal.
Pesquisa
Um experimento realizado no Confinamento do Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) no Setor de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual do Centro-Oeste, no Paraná, utilizando dietas com teor de extrato etéreo (EE) de 4,97% da matéria seca, concluiu que a administração de lecitina integral de soja melhorou a digestibilidade da fração etérea e fibrosa da ração, com dose de 10 g animal/dia e garantiu maior média de ganho de peso diário e animais com maior peso vivo no abate (figura 1).
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