Por Rajendra Jadhav e Nikunj Ohri
MUMBAI/NOVA DELHI (Reuters) – A Índia prorrogou a isenção das taxas de importação de algodão por três meses, até o final de dezembro, de acordo com uma ordem do governo nesta quinta-feira, enquanto Nova Délhi busca apoiar a indústria de vestuário local que foi atingida pelas pesadas tarifas dos EUA.
As importações devem sustentar os preços globais do algodão, que apagaram as perdas e subiram 0,2% após a ordem. Porém, também devem reduzir a demanda por algodão local, pressionando os preços domésticos, disseram agentes do mercado.
A Índia, segunda maior produtora de algodão do mundo, havia anunciado anteriormente a isenção sobre as importações de algodão de uma tarifa de 11% até o final de setembro. Agora, estendeu a medida até 31 de dezembro.
O algodão provavelmente será originado da Austrália, Brasil, Estados Unidos e África, que têm excedente disponível para exportação, disseram representantes da indústria.
A duplicação das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações da Índia para até 50% em produtos como vestuário e joias entrou em vigor na quarta-feira.
Os Estados Unidos são o maior mercado da Índia para vestuário e joias, com valor de quase US$22 bilhões em 2024. A Índia tem uma participação de 5,8% no mercado de vestuário dos EUA, atrás da China, Vietnã e Bangladesh.
A isenção de impostos até o final do ano permitirá que as empresas têxteis indianas importem algodão mais barato, aliviando a pressão em meio a uma desaceleração na demanda dos EUA, disse à Reuters Atul Ganatra, presidente da Associação de Algodão da Índia.
“Com a extensão da isenção de impostos, as importações poderão atingir um recorde de 4,2 milhões de fardos este ano. É provável que as fortes importações continuem no primeiro trimestre do próximo ano também”, disse Ganatra.
O ano de comercialização do algodão na Índia vai de outubro a setembro.
A janela de importação anterior, que terminava em setembro, era muito estreita, disse um comerciante de Nova Délhi de uma trading global.
As fábricas têxteis não puderam importar algodão durante aquele período, já que a viagem a partir dos países exportadores normalmente leva mais de um mês. Mas agora elas podem fazer pedidos de grandes quantidades para o período seguinte, disse o comerciante.
O custo de desembarque do algodão importado é cerca de 5% a 7% menor do que o dos suprimentos locais, e a qualidade também é superior, disse um comerciante de Mumbai.
“A maior parte das importações chegará por volta do trimestre de dezembro, exatamente quando a safra local chegar ao mercado. É provável que isso pressione os preços locais para baixo”, disse o comerciante.
(Reportagem de Nikunj Ohri e Rajendra Jadhav)