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Crise do arroz: Supersafra projetada, preços em queda e problemas de liquidez impactam negativamente o mercado brasileiro

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O setor de arroz está em alerta. Diante de uma supersafra projetada, aumento da produção, estoques elevados, preços em queda e custos de plantio elevados, a cadeia do arroz vive um dos cenários mais adversos dos últimos anos, o que preocupa os produtores da cultura.

Relatório divulgado pelo Itaú BBA aponta que, impulsionada pelo aumento em importantes produtores como: Índia, Bangladesh, Burma e Filipinas, a safra global 2025/26 projeta novo recorde de produção, de 542 MM t, apresentando um ganho de 0,1% frente ao ano anterior (que já vinha de um aumento expressivo). Segundo a Conab, a safra brasileira de arroz atual (2024/25) caminha para ser a maior dos últimos oito anos, estimada em 12,15 MM t, representando um crescimento de 14,9% em relação a anterior. Esse desempenho é resultado do aumento de 6,9% na área cultivada, que alcançou 1,717 milhão de hectares, e incremento de 7,5% na produtividade média, que chegou a 7,1 t/ha.

Como resultado dessa oferta abundante, os preços do arroz vêm acumulando quedas, e chegou registrar 5 meses consecutivos de baixas no início deste ano. Dados da consultoria Safras & Mercado destacam que, atualmente, o Brasil opera com um excedente estimado de 14,2 milhões de toneladas, frente uma demanda anual de 12,2 M/t (patamar recorde), e isso está contribuindo para a pressão baixista dos preços do produto. Havia a expectativa de que as exportações pudessem escoar parte do excesso de produção e contribuir para um maior equilíbrio entre oferta e demanda. Porém, a queda constante dos preços tem impactado a rentabilidade dos produtores, que estão se mostrando cada vez mais retraídos no mercado, e a balança comercial sinalizou movimento oposto, fechando negativa nos primeiros meses de safra, com importações superiores às exportações.

“A gente tem déficit na balança comercial e precisamos urgentemente das exportações para aliviar esse cenário de pressão. Vale ressaltar que, em toda a região arrozeira do Mercosul  temos um cenário de excesso. Com isso, cada um desses países têm buscado alguma oportunidade no mercado externo, e o Brasil tem ficado para trás nessa corrida. Precisamos, a todo custo, evitar carregar estoques para o segundo semestre de 2025, porque temos a chegada da safra norte-americana, que promete ser bem parecida com a última apresentando uma leve retração, e uma perspectiva de exportação em torno de 4 milhões de toneladas. O cenário de oferta ainda é bem preocupante, e a demanda vai trazendo, aos poucos, alguma recuperação”, explicou o analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira.

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Os baixos preços tendem a dificultar os investimentos para safra 2025/26 brasileira. Estimativas do USDA projetam queda de 7% na produção em relação a 2024/25. “Com essas condições de preço, é esperado uma redução de área para a próxima safra, principalmente nas áreas de sequeiro, é inevitável. De uma área no Rio Grande do Sul de mais de 950 mil ha, pode ser que na próxima safra voltemos a uma área próxima a 900, talvez até abaixo. Se nada for feito, se nada for concretizado neste momento, antes do fim da nossa janela de exportação, tudo indica que entraremos em 2026 com estoques acima de 2 milhões de toneladas. Isso acabaria criando um problema ainda maior para 2026”,  alertou Oliveira.

Outro grande ponto negativo para o setor arrozeiro é que, apesar do movimento de baixa no mercado reduzir o custo da matéria-prima, as indústrias estão enfrentando dificuldades no repasse dos custos logísticos e de embalagem. O relatório do Itaú BBA ressalta que “apesar da queda dos preços no atacado, estes não caíram na mesma proporção em relação ao produtor.Em um ambiente de consumo cauteloso, o escoamento do produto a preços que garantam uma margem positiva tornou-se mais difícil no primeiro trimestre da comercialização da safra 2024/25. Assim, há um desafio da indústria no gerenciamento dos estoques, que foram formados em período de preços mais altos”.

O analista da Safras & Mercado pontua que, no momento, possíveis impactos no varejo estão descartados, e que o arroz deve permanecer barato nos pratos dos brasileiros. “Mas, mesmo com os produtos a preços muito acessíveis, o varejo encontra dificuldades de vendas. Seja por uma mudança nos padrões de consumo, hábitos de consumo, seja pelo endividamento da população ou por diversos outros fatores que estão afetando ou alterando os hábitos de consumo”, completou.

Diante do cenário de forte desvalorização do arroz e dificuldades de mercado, no dia 11 de junho, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) esteve em Brasília reunida com representantes do governo federal, para tratar de medidas emergenciais de apoio ao setor produtivo. Com poucas alternativas de gestão de risco para se proteger dos preços baixos, o setor se movimenta então para pleitear políticas públicas que minimizem os impactos à rentabilidade do produtor. “Estamos tentando trabalhar com alongamentos de dívidas, renegociações com bancos para não oferecer esse produto para todos ao mesmo tempo. Como outra medida, pedimos ao governo algumas ferramentas que pudessem facilitar as aquisições por parte do Governo Federal. Não gostaríamos de comprar pelo preço mínimo atual, porque está defasado, não cobre nossos custos e agora, o governo parece ter anunciado que está tentando comprar 25% acima do preço mínimo. Isso já é um alívio, vai nos ajudar, mas há várias medidas que temos que tomar”, contou o presidente da Federarroz, Denis Dias Nunes.

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