A fruticultura brasileira vive momento de bastante importância nos últimos anos. Em 2024, o país exportou mais de US$ 1,2 bilhões em frutas e confirmou a abertura de novos e importantes mercados mundo a fora, como a possibilidade de embarcar uvas brasileiras para a China.
Neste contexto de expansão de negócios, uma delegação brasileira participou da Fruit Logística, a maior feira de fruticultura do mundo, que acontece todos os anos em Berlim na Alemanha. Ao todo, foram 60 empresas do Brasil presentes no estande do país, que tinha 440 m².

“A participação brasileira não poderia ter sido melhor. A Abrafrutas esteve presente representando o Brasil com um estande onde estiveram presentes 45 empresas e mais 15 empresas circulando em mesas rotativas, todas fazendo negócios e prospectando novas oportunidades no mercado da Europa e no mundo. Apesar de ser na Europa, ela atendo ao mundo inteiro e lá tem compradores, distribuidores e varejistas de frutas, legumes e verduras do mundo inteiro”, afirma Eduardo Brandão, Diretor Executivo da Abrafrutas.
“A minha avaliação é superpositiva. É o maior evento de negócios para frutas do mundo, onde todos os elos da cadeia no mundo estão presentes. É uma feira enorme, um momento para se relacionar com todos esses clientes e fazer planos, a gente aproveita para falar sobre como foi o ano anterior o que vai ser do ano vigente”, destaca Júnior Silveira, Sócio-diretor da Xportare.
A liderança da Abrafrutas aponta que a feira serviu para que os produtores brasileiros tivessem acesso à novas tecnologias nas áreas de produção, pós-colheita, irrigação e beneficiamento de frutas, além, é claro, de fechar muitos negócios para exportação.
“A feira foi excelente, estamos fechando ainda o volume de perspectiva de negócios, mas imaginamos que esse montante ultrapasse os US$ 300 milhões em negócios fechados nos programas que os produtores fizeram com seus distribuidores e varejistas para primeiro e segundo semestre de 2025. Ações como essa, aumentam a esperança e nos dão a certeza de que podemos superar o patamar de US$ 1,3 bilhão em exportações ao longo de 2025”, diz Brandão.
“O evento foi muito bom e vem retomando o número de visitantes nos pós-pandemia, com 91 mil visitantes nos três dias e mais de 2.600 expositores registrados de 70 países diferentes. É o maior evento mundial do setor em que, além de ir lá para vender suas frutas, os participantes buscam conhecer novas tecnologias e produtos. Muitos produtores já vão com a agenda fechada de encontros e reuniões. É um momento de muito networking, acesso à oficiais do governo e conversas diplomáticas. Mais do que as vendas que são feitas, é um momento de troca e de ver o que está sendo feito fora do país”, pontua Francesco Sicherle, Conselheiro da IFPA Brasil (Internacional Fresh Produce Association).
Fruit Logística 2025 – Imagens: Fábio Queiroga
Além das tradicionais frutas de exportação do Brasil, como uva, manga, melão, melancia, banana e limão, o estande do país em Berlim teve destaque para outros tipos de frutas menos convencionais como a banana-da-terra e o cacau.
“O Brasil vem se posicionando como player mundial que tem como uma de suas características a grande oferta de frutas das mais diversas espécies. O cacau, embora tenha forte direção para a indústria, ele começa a ser utilizado para consumo in-natura, sobretudo na parte do catering ou então para drinks nos bares mais sofisticados do Reino Unido. O pessoal tira a polpa do cacau, com a polpa faz o drink e despeja o drink dentro da fruta oca e toma o drink dentro da fruta. É algo que tem chamado a atenção de todo mundo e lá na feira foi fantástico, todo mundo queria entender o que era”, conta Silveira.

“Tivemos a representatividade da queles produtos mais tradicionais como uva, manga, maçã, limão, lima ácida, banana, goiaba, lichia, papaia, formosa, melão, melancia, abacate, avocado, figo, um rol bem grande de produtos, em sua maioria visando a Europa, mas também Índia, Bangladesh, Emirados Árabes, etc”, acrescenta Sicherle.
Um dos principais estados produtores e exportadores de frutas do Brasil, o Rio Grande do Norte também esteve representado no evento internacional, através do Presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex-RN), Fábio Queiroga.
“A Fruti Logística é um ambiente ideal para a comercialização das nossas frutas porque é a maior feira de fruticultura do mundo. É lá que todos os grandes importadores internacionais se reúnem todos os anos e nós estamos sempre lá presentes, dialogando e fazendo todo o trabalho pós-venda com os nossos representantes. Também aproveitamos para negociar as frutas da próxima safra. Esperamos um bom resultado porque viemos de um ano com bons resultados na produção e também na cadeia de comercialização”, pontua.
Além de produtores e exportadores, a lista de autoridades governamentais presentes foi longa, o que só corrobora a importância do evento para o setor e o protagonismo que a fruticultura brasileira vem tomando nos últimos anos.
“Durante a feira tivemos a honra de ter a presença de autoridades que foram reforçar a parceria público privada com o governo brasileiro. Nós tivemos a presença do embaixador do Brasil na Alemanha, Roberto Jaguaribe, que passou um dia inteiro lá conosco, tivemos a presença de autoridades do Ministério da Agricultura, como o Secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, Luís Rua, que esteve lá para contactar diretamente as empresas exportadoras e entender as necessidades dessas empresas para trabalhar na prospecção e no início de tratativas para atingir novos mercados. Acompanhando também a delegação estava o Secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, que também teve contato direto com todas as empresas que lá estiveram para discutir os problemas fitossanitários e conduzi-los da melhor forma para evitar transtornos aos produtores brasileiros”, aponta o Diretor Executivo da Abrafrutas.
SUPERMERCADOS ALEMÃES
Além de acompanhar a feira, as exposições e as discussões, os participantes também puderam vivenciar um pouco do cenário das frutas para os consumidores europeus. Júnior Silveira relata que sempre costuma fazer essas visitas aos supermercados estrangeiros para entender o que se passa no consumo internacional.

“Nas minhas viagens eu sempre busco as gôndolas de supermercado. Para mim é importantíssimo, é estratégico entender o que está se passando na gôndola. Em se tratando de Europa, eu vi frutas de boa qualidade e diversidade de muitos países distintos, a Europa é esse player que compra frutas de cada canto que esteja produzindo porque eles conseguem abastecer o público local”, diz.
“O que eu poderia dizer que chamou a minha atenção, é que eu tenho visto nas feiras muitas tendências relacionadas à embalagem. Embalagens plásticas mudando para embalagem de papelão, designs de embalagens diferenciados com apelos distintos, tenho visto muita novidade do ponto de vista conceitual. A Europa é um player que tem brigado pelo produto reciclado, para o não uso do plástico ou, se usar, que ele tenha no mínimo 30% de plástico reciclado. Porém, ao mesmo tempo, a Europa é um player que é altamente dependente do plástico e a gôndola permeia com plástico de cima à baixo porque os produtos são embalados um a um, tudo vem com identificação e com o código do Global Gap. Você tem lá o pimentão um a um embalado, as uvas todas cada uma em uma cumbuca de plástico e assim por diante. Então tem bastante plástico porque é o modelo que atende hoje o europeu, que propicia a identificação da fruta e o padrão de qualidade, uma vez que é embalada de maneira bem minuciosa e não no modelo a granel que estamos acostumados no Brasil”, conta o Sócio-diretor da Xportare.