As vendas para o exterior do agronegócio do Rio Grande do Sul atingiram em 2024, em termos nominais, sem considerar a inflação, o terceiro melhor resultado da série histórica iniciada em 1997, com um total de US$ 15,8 bilhões. O valor final das exportações contou com um reforço no último trimestre do ano, que apresentou o melhor resultado da série, com US$ 4,7 bilhões em vendas, alta de 13,8% em comparação com o quarto trimestre de 2023.
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Na comparação dos números finais do ano passado com 2023, ano em que as exportações do agronegócio tiveram o melhor resultado da história, as vendas externas do setor apresentaram queda de 2,4%, uma redução no valor exportado de US$ 395,9 milhões. Os resultados divulgados na última quarta-feira (26) no boletim Indicadores do Agronegócio do Rio Grande do Sul indicam que o agronegócio representou 72,2% das exportações gerais do Estado em 2024. A publicação é produzida pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).
O documento elaborado pelo pesquisador do DEE/SPGG, Sérgio Leusin Júnior, mostra que as reduções nas vendas de cereais (total de US$ 1,12 bilhões; -23,9%), carnes (total de US$ 2,30 bilhões; -9,6%) e máquinas agrícolas (total de US$ 372,42 milhões; -32,5%) foram preponderantes para o resultado. Também houve uma leve redução nas vendas do complexo soja, principal setor da pauta de exportações do Estado (total de US$ 6,31 bilhões; -0,8%). Entre os destaques positivos, os segmentos de fumo e seus produtos (total de US$ 2,74 bilhões; +10,2%) e produtos florestais (total de US$ 1,354 bilhões; +9,1%) apresentaram avanço na comercialização.
Quarto trimestre
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Considerando apenas os resultados do quarto trimestre, os seis principais segmentos da pauta de exportações do agronegócio gaúcho tiveram crescimento, puxados pelo complexo soja (total de US$ 2,17 bilhões; +11,2%), fumo e seus produtos (total de US$ 884,21 milhões; +25,2%), produtos florestais (total de US$ 286,58 milhões; + 33,5%), carnes (total de US$ 636,97 milhões; +10,1%), cereais, farinhas e preparações (total de US$ 239,79 milhões; +11,2%) e couros e peleteria (US$ 94,52 milhões; +11,5%).
“Em relação à soja, houve uma concentração mais expressiva das vendas externas no último trimestre do ano, em comparação a 2023. Além do apetite chinês, a desvalorização do real e a elevação dos prêmios de exportação podem ter contribuído para o aumento das exportações da soja em grão nesse período”, analisa Leusin.
Acumulado do ano
Entre os principais produtos por segmento do agronegócio, no grupo dos produtos florestais, a celulose registrou avanço de 17,6% nas vendas externas, enquanto o fumo não manufaturado puxou os números do setor de fumo e seus produtos (+10,6%).
No complexo soja, a redução nas vendas de farelo de soja (total de US$ 1,44 bilhão; -20,6%) e óleo de soja (total de US$ 302,72 milhões; -35,3%) foram determinantes para a leve baixa dos números gerais do segmento. Nos cereais, farinhas e preparações, a redução nas vendas de milho (-89,9%), trigo (-23,6%) e arroz (-10,6%) explicam o resultado final. “A menor produção doméstica, somada à recuperação da oferta nos Estados Unidos e ao retorno de grandes exportadores, como Argentina e Ucrânia, reduziu a competitividade do milho brasileiro no mercado internacional. Além disso, a elevação dos estoques e da produção mundial pressionou os preços internacionais, desestimulando as negociações externas”, explica Leusin.

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No segmento de carnes, a redução das compras da China da carne de frango gaúcha justifica a baixa de 12,7% do produto no ano. O setor também apresentou baixa nas vendas externas de carne bovina (-9,1%) e carne suína (-1,8%).
Entre os principais destinos das exportações gaúchas, a China permaneceu mais um ano na liderança do ranking, com 34,8% do total das vendas. Os embarques para o país asiático avançaram 8,6% em 2024 na comparação com 2023. União Europeia (12,7%), Estados Unidos (4,8%) e Vietnã (3,9%) vieram a seguir na lista, todos com redução percentual em relação ao ano anterior. Entre os maiores crescimentos de 2024, as negociações com as Filipinas (+206,1%) e Irã (+56,9%) se destacaram entre os principais destinos.
Emprego no agronegócio
O número de vínculos de emprego com carteira assinada no agronegócio do Rio Grande do Sul chegou a 382.499, aumento de 777 postos na comparação com o ano anterior. Conforme o material do DEE/SPGG, o saldo entre o número de admissões e o de desligamentos no segmento foi menor do que o registrado em 2023, quando foram criados 4.546 postos com carteira assinada. Considerando o conjunto da economia gaúcha, que encerrou 2024 com um saldo de 63.550 empregos com carteira assinada, o número do agronegócio representou 1,2% do total.

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Considerando apenas o quarto trimestre do ano passado, a redução foi de 1.726 postos de emprego no agronegócio do Estado, impactado pelas atividades do segmento agropecuário, chamado “dentro da porteira”, especialmente no setor de lavouras permanentes. Conforme Leusin, a estiagem pode explicar o movimento. “Embora o início da colheita da safra de verão costume impulsionar o saldo de empregos nesse segmento no próximo trimestre, a expectativa de crescimento significativo está agora comprometida devido à estiagem. A escassez de chuvas tem impactado negativamente a produtividade das lavouras, especialmente a soja, que já registra perdas em relação às previsões iniciais para a safra estadual”, explica.
Entre os principais empregadores do agronegócio do Rio Grande do Sul em 2024, o setor de abate e fabricação de produtos de carne manteve a liderança no ranking, com um total de 66.858 vínculos ativos, seguido do comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (53.999), produção de lavouras temporárias (34.043), fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (32.050) e da pecuária (25.946).