A imposição de uma tarifa de 50% sobre as importações de produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump acende o alerta no setor de sebo bovino, que mantém forte dependência do mercado norte-americano. Apesar do crescimento expressivo nas exportações, a medida pode comprometer a competitividade do produto nacional, afetar a rentabilidade dos frigoríficos e provocar redirecionamentos no fluxo comercial do país.
De acordo com o levantamento do Itaú BBA, aproximadamente 98% do volume exportado pelo Brasil tem como destino os EUA, o que significa que se o aumento das tarifas entrar em vigor, as exportações brasileiras desse produto diminuirão muito, o que, na teoria, deixaria mais sebo disponível para a indústria doméstica.
Segundo o levantamento da Scot Consultoria, até junho de 2025, as exportações de sebo bovino já atingiram 73,5% do volume total exportado em todo o ano de 2024. Em termos de faturamento, esse percentual foi ainda maior, alcançando 82,4% do total de 2024.
“Somente no mês de junho, foram exportadas 72,9 mil toneladas de sebo. Esse volume representa um aumento de 308,3% em relação ao mesmo mês de 2024, em que foram exportadas 23,6 mil toneladas”, informou em análise semanal.
Segundo o banco, o Brasil é o principal provedor, mas representou 35% do total, sendo que outros países da América do Sul e a Austrália também ofertam o produto, de forma que esses países podem substituir parte da oferta brasileira.
A Scot Consultoria destacou que quanto ao uso doméstico para biodiesel, observa-se uma redução. Em maio de 2025,a utilização de sebo bovino como matéria-prima para biodiesel foi 8,4% menor do que o utilizado no mesmo mês do ano passado. Já em junho, a exportação de sebo foi equivalente a 54,5% da produção estimada para o período.
“Diante disso, as cotações do sebo mantêm firmeza sustentado pelos aumentos nas exportações. No Brasil Central, o coproduto está cotado a R$5,80/kg, e no Rio Grande do Sul, a R$5,95/kg. Preços a prazo e livres de impostos”, destacou.