Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – O ritmo mais lento da exportação brasileira de café canéfora (robusta e conilon) favorece a oferta interna em meio à colheita de uma grande safra, reduzindo a pressão de compra e contribuindo para a queda dos preços no Brasil, avaliou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado.
Nesta semana, o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) reportou queda de 77% nas exportações de grãos canéforas do Brasil em maio na comparação anual, para 202,7 mil sacas de 60 kg, já que o produto brasileiro está menos competitivo atualmente em relação a países como Vietnã e Indonésia, onde a safra está se recuperando.
Dessa forma, para o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, a participação do conilon/robusta nas exportações do Brasil deve diminuir na safra 2025/26, diante do menor interesse dos compradores internacionais.
Isso permitirá, de outro lado, maior oferta para a indústria de torrado e moído do Brasil, que usa canéforas nos “blends” com grãos arábica.
“Nesse cenário, a indústria de café torrado e moído doméstica deve voltar a ganhar maior protagonismo nas negociações com conilon/robusta”, destacou.
Os preços do café canéfora pagos aos produtores, segundo o indicador do Cepea, recuaram mais de 35% em relação aos recordes registrados no início do ano, para R$1.333 reais a saca.
Tal tendência no atacado deve começar a aparecer nas gôndolas dos supermercados, indicou a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), citando efeito sazonal da colheita.
De acordo com a consultoria, o Brasil já colheu 35% de sua safra de café.
ÍNDICE DE VENDAS
Em um mercado com queda de preço ao produtor, as vendas de canéforas estão mais lentas.
De acordo com levantamento de Safras & Mercado divulgado nesta sexta-feira, a comercialização do conilon/robusta pelo cafeicultor brasileiro atingiu 18% da produção esperada para a safra deste ano até o dia 11 de junho.
O volume ainda está abaixo dos 20% registrados no mesmo período do ano passado e distante da média de 27% para o período.
Já as vendas do café arábica alcançaram 24% da produção que está sendo colhida, um patamar ligeiramente acima dos 23% registrados no mesmo período do ano passado, mas ainda bem abaixo da média histórica de 33%.
No geral, produtores brasileiros tinham vendido 22% da colheita prevista de café 2025/26 (de arábica e canéfora) até o dia 11 de junho, um avanço mensal de seis pontos percentuais, informou a consultoria.
Segundo relatório, o ritmo geral das vendas está em linha com o registrado no mesmo período do ano passado, mas ainda abaixo da média dos últimos cinco anos (31%).
“Essa diferença reflete uma mudança no comportamento dos produtores nos últimos anos: até a geada de 2021, o produtor brasileiro era mais agressivo nas vendas antecipadas”, pontuou Barabach.
Ele citou ainda que de maneira geral os produtores estão mais capitalizados após preços recordes, o que resulta em uma cadência mais lenta nas vendas.
(Por Roberto Samora)