O fim da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros reacendeu a expectativa de recuperação no setor de hortifrutis. A estimativa é de que as exportações sejam gradualmente retomadas e continuem em trajetória de alta verificada nos últimos anos. A taxa de crescimento da exportação de frutas brasileiras foi de 49% em 10 anos, cerca de 4% ao ano, segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Em um cenário positivo, as exportações de frutas nacionais podem atingir dois dígitos nos próximos anos e o mercado norte-americano é importante nesse horizonte,
Durante os meses de vigência da sobretaxa, muitos embarques foram redirecionados para Europa, Oriente Médio e Ásia, enquanto outros seguiram para os EUA mesmo com rentabilidade reduzida. Com a retirada da tarifa, exportadores avaliam que parte desse fluxo internacional tende a se normalizar. “A reabertura do mercado americano é relevante, já que o país é um importante destino para frutas tropicais brasileiras, como manga, melão, mamão, uva e melancia”, afirma a engenheira agrônoma e gerente de marketing e desenvolvimento técnico da Ascenza Brasil, Patrícia Cesarino
A retomada, segundo analistas de mercado, deve ocorrer de forma escalonada ao longo dos próximos trimestres. Isso porque muitos contratos foram renegociados ou suspensos durante o tarifaço e produtores precisarão ajustar logística, volumes e certificações para reativar a cadeia de exportação aos Estados Unidos. Ainda assim, o novo cenário é favorável: com a sobretaxa eliminada, o Brasil volta a competir em igualdade com fornecedores de outros países latino-americanos, recuperando margens e condições de preço.
“Para o hortifrúti nacional, o fim do tarifaço representa a chance de reconstruir relações comerciais, recuperar mercado e retomar o posicionamento como fornecedor estratégico de frutas tropicais no maior mercado consumidor do mundo.”, aponta Patrícia.
Entidades setoriais avaliam que, além da retomada de volumes, a reabertura pode estimular novos investimentos em infraestrutura pós-colheita, ampliação de área plantada e modernização de embalagens, sobretudo entre empresas que haviam reduzido ou paralisado operações voltadas ao mercado americano. Produtos de maior valor agregado, como frutas minimamente processadas e hortaliças premium, também voltam a aparecer no radar de exportadores.
“A percepção predominante entre especialistas é de que 2026 tende a ser um ano de recomposição do fluxo comercial e de fortalecimento da presença brasileira nos EUA”, afirma a executiva da Ascenza. Apesar do otimismo, há pontos de atenção. A concorrência internacional permanece intensa, especialmente com produtores do México, Peru e América Central. O custo logístico ainda é elevado e a janela de oportunidade pode ser afetada por variáveis climáticas e pela volatilidade do câmbio.