O Feijão-carioca teve um bom movimento na semana passada, com preços ao redor de R$ 250 nos melhores lotes em Minas Gerais para o produto armazenado desde o ano passado. Já o Feijão-preto enfrenta menor pressão dos vendedores, mantendo-se na faixa de R$ 200/220.
Estou em Brasília para uma série de reuniões nesta semana, com o objetivo de aprofundar nosso entendimento sobre a visão de instituições-chave, como o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), em relação ao abastecimento de Feijão nos próximos meses.
A conjuntura econômica atual, marcada pela alta da taxa Selic, impacta diretamente os custos de produção de alimentos básicos. Esse aumento se reflete de maneira rápida e severa, afetando principalmente as camadas mais vulneráveis da população, que dependem desses produtos para sua subsistência.
Esse cenário desencadeia um efeito cascata preocupante. Inicialmente, observa-se a substituição de proteínas de origem animal, tradicionalmente mais caras, por alternativas mais acessíveis, como frango e ovos. No entanto, o impacto não se limita a essa mudança. A alta nos preços dos alimentos básicos também pressiona o consumo de Feijões. Nos últimos meses, temos observado um crescimento na demanda por Feijões mais baratos, muitas vezes comercializados sob marcas próprias de redes de supermercados. Esse aumento na procura inclui até Feijões com algum tipo de defeito, evidenciando a urgência da população por opções mais acessíveis.
Diante desse movimento, surge uma questão crucial: no futuro próximo, a persistência dos altos preços reduzirá o consumo de Feijão? Compreender a visão técnica do governo sobre esses movimentos é essencial para antecipar tendências e planejar ações preventivas.
Além disso, é fundamental manter um diálogo constante e transparente com as autoridades governamentais para destacar o papel estratégico da exportação. A atividade exportadora tem sido crucial para estimular a produção e manter um mercado interno mais abastecido em comparação com anos anteriores. Ao impulsionar a produção, a exportação contribui para garantir a disponibilidade do produto no mercado interno, evitando crises de abastecimento.
Outro ponto de extrema importância é entender os planos do governo em relação aos estoques reguladores de Feijão. Esses estoques desempenham um papel estratégico na estabilização dos preços e na garantia do abastecimento em momentos de crise ou escassez. Mas será que essa é a única opção? Se for, podemos sugerir que a formação desses estoques seja feita com Feijões de escurecimento lento. Essa medida simples, porém eficaz, pode minimizar a depreciação do produto durante o armazenamento, preservando sua qualidade e valor nutricional por mais tempo.
Em resumo, as agendas em Brasília serão dedicadas a analisar o cenário do abastecimento de Feijão, compreendendo as perspectivas governamentais, os impactos da alta da Selic e os possíveis desdobramentos no consumo. Além disso, serão apresentadas sugestões para aprimorar a gestão dos estoques reguladores, visando garantir a segurança alimentar da população e a estabilidade do mercado.
Estamos em 2025, especificamente no dia 9 de março, e essa discussão sobre o abastecimento de Feijão é mais relevante do que nunca, considerando a complexidade do cenário econômico e social que enfrentamos.