O Programa Jovem Cientista da Pesca Artesanal, que possibilita que a juventude pesqueira tradicional realize pesquisas sobre temáticas relacionadas à atividade da pesca, suas comunidades e seus territórios, prorrogou as inscrições para submissão de propostas no estado do Pará até o dia 14 de março de 2025. Realizado em convênio com a Secretaria Nacional da Pesca Artesanal (SNPA) do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e a Fundação Amazônia de Amparo à Estudos e Pesquisas (Fapespa), o Programa contemplará 25 projetos com bolsas de Iniciação Científica Júnior (ICJ).
Foto: Bruno Rezende
Conforme o edital, publicado na Chamada nº 001/2025, em 21 de janeiro de 2025, o Programa no Pará conta com um recurso de R$ 610 mil e busca beneficiar cerca de 100 estudantes de ensino médio da rede pública. Para ser proponente o professor deve ser pesquisador ou professor com vínculo efetivo em Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICT) pública ou privada, sem fins lucrativos e possuir título de mestre ou doutor. Já o aluno bolsista precisa estar matriculado no Ensino Médio em escola pública do Pará e ser pescador ou possuir parente em linha reta, colateral ou responsável, com Registro de Pescador Profissional (RGP). Caso o jovem já possua RGP ou protocolo de pedido desse documento, o tempo mínimo é de 6 meses.
O Programa já está rendendo frutos positivos na vida de jovens em outras regiões do Brasil. Segundo Gleibison da Silva Gomes dos Santos, bolsista do estado de Pernambuco, morador de Ipojuca e estudante da Escola José Mário Alves da Silva, a iniciativa o ajudou a enxergar a realidade da vida do pescador de uma forma diferenciada. “Eu me via de um jeito diferente. O projeto está me trazendo mais conhecimento”, afirma.
Além de contribuir para redução da evasão escolar, o Jovem Cientista da Pesca Artesanal, valoriza a busca pela identidade social e pela preservação cultural material e imaterial das comunidades pesqueiras. “Eu não me via como pescador, tinha muita vergonha do que as pessoas poderiam pensar, porque é um trabalho invisível. Eu não enxergava que é um trabalho digno, honesto e importante também”, revela.
De acordo com a coordenadora de Territórios Pesqueiros e Integração de Políticas Públicas do MPA, Suana Medeiros Silva, o Programa promove o diálogo entre os conhecimentos tradicionais locais e os conhecimentos científico e escolar. “Ele incentiva a inovação e o debate de diversos eixos temáticos que envolvem a pesca artesanal. Isso permite que os jovens aprofundem seus conhecimentos junto às suas comunidades e possibilita que as instituições formais de ensino se aproximem mais das realidades onde estão inseridas”, pontua.
Fique por dentro
Foto: Divulgação/FAO
Parte integrante do Programa Povos da Pesca Artesanal, a iniciativa Jovem Cientista da Pesca Artesanal foi criada pelo Decreto Federal nº 11.626 de 2 de agosto de 2023 e abrange uma série de ações interligadas, incluindo extensão pesqueira, cadeia produtiva, formação, gênero, cultura, segurança alimentar, educação, justiça climática, turismo de base comunitária e combate ao racismo ambiental.
Com a parceria de diversos ministérios e suas secretarias, governos estaduais e municipais, além de organizações sociopolíticas ligadas à pesca artesanal, o Programa conecta os bolsistas a projetos de pesquisa submetidos ou por professores da rede básica de ensino do Estado ou por professores de Instituições de Ensino Superior (IES), a depender das regras estipuladas nos Editais de cada Fundação Estadual de Apoio à Pesquisa (FAPs).