A combinação entre a valorização dos fertilizantes nitrogenados e a retração nas cotações do milho acende um alerta para os custos da safrinha 2025/26 no Brasil. O conflito entre Israel e Irã, que ganhou força nos últimos meses, influenciou diretamente o mercado global de insumos, com destaque para a ureia, principal fonte de nitrogênio utilizada na produção do cereal.
Fotos: Divulgação/AtmosMarine
De acordo com o boletim Agro Mensal de junho da Consultoria Agro do Itaú BBA, o cenário é particularmente delicado para o Brasil, que é um dos principais destinos da ureia produzida no Irã — país que responde por cerca de nove milhões de toneladas ao ano e tem no mercado brasileiro aproximadamente 25% de sua exportação. A alta do insumo tem deteriorado ainda mais a relação de troca com o milho, que já vinha sendo pressionada pela queda nos preços do grão. Com apenas 25% dos fertilizantes adquiridos até o momento, a expectativa é de que os custos da próxima safrinha sejam ainda mais elevados.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o relatório de junho do Departamento de Agricultura (USDA) manteve praticamente inalterado o balanço da safra 2025/26. A produção foi mantida em 401,8 milhões de toneladas, com consumo estimado em 324,8 milhões de toneladas. A consequência é uma expectativa de crescimento de quase 30% nos estoques finais norte-americanos, mesmo com a previsão de redução global, que caiu de 278 milhões de toneladas projetadas em maio para 275 milhões de toneladas agora, representando uma queda de 3% frente à safra 2024/25.
Foto: Gilson Abreu
Apesar do avanço do plantio ocorrer, em boa parte do tempo, acima da média dos últimos cinco anos, o clima mais úmido e as temperaturas levemente abaixo do normal no Meio-Oeste dos Estados Unidos podem atrasar a germinação do milho. Esse tipo de atraso, historicamente, tem sido associado a perdas de produtividade. Além disso, o excesso de chuvas em algumas regiões pode resultar em uma revisão para baixo na área plantada com milho no relatório de área, previsto para o final de junho.
Ainda assim, salvo algum evento climático extremo fora do radar, a expectativa é de uma safra norte-americana expressiva. O mercado segue atento aos desdobramentos climáticos e à divulgação do relatório trimestral de área plantada, que deve influenciar diretamente o comportamento dos preços no curto prazo.
Com a safra americana caminhando para ser robusta e o custo dos fertilizantes em alta, o produtor brasileiro de milho enfrentará um cenário desafiador na definição do planejamento da safrinha 2025/26, especialmente se a relação de troca continuar desfavorável.