Nos últimos 10 dias, as chuvas foram expressivas em grande parte da Região Sul e, também, em áreas do Sudeste e do Centro-Oeste, onde os volumes superaram a média histórica no período. Em contraste, o cenário permanece desfavorável no Matopiba, com seca persistente e chuvas entre 30% e mais de 80% abaixo da média, reforçando o quadro de déficit hídrico e atraso no avanço do plantio em algumas áreas, segundo dados da EarthDaily.
O levantamento aponta que, em 05 de outubro, os níveis de umidade do solo estavam reduzidos desde o norte do Paraná até o Matopiba, refletindo o período de estiagem observado no início da primavera. Trinta dias depois, em 05 de novembro, observa-se uma melhora significativa das condições hídricas em grande parte do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso e em algumas regiões do Sudeste e Centro-Oeste, impulsionada pelo retorno das chuvas. “Apesar dessa recuperação parcial, a umidade do solo permanece crítica em amplas áreas do Matopiba e em regiões de Minas Gerais e do Centro-Oeste, onde a ausência de precipitações regulares mantém o solo em condição de estresse hídrico. Essa situação pode provocar atrasos no plantio da soja e, por consequência, postergar o início da semeadura do milho segunda safra, com possíveis impactos sobre a produtividade”, constata o analista de cultura da EarthDaily, Felippe Reis.
Foto: Antonio Carlos Mafalda
Na região do Matopiba, a precipitação acumulada em outubro foi 62% inferior à média histórica. Embora haja previsão de chuvas no curto prazo, os volumes esperados continuam abaixo da normalidade, mantendo o quadro de estresse hídrico no solo e limitando a recuperação das condições ideais para o desenvolvimento das lavouras.
Minas Gerais registra situação semelhante. Em grande parte da zona produtora de soja do Estado os níveis de umidade do solo estão entre os menores dos últimos dez anos, reflexo do déficit hídrico persistente. As projeções apontam para uma melhora gradual no curto prazo, com o retorno parcial das chuvas. Ainda assim, a umidade deve permanecer abaixo da média histórica, mantendo o alerta para possíveis restrições ao avanço do plantio e ao estabelecimento inicial das lavouras.
No Centro-Oeste, a umidade do solo no Mato Grosso do Sul permanece baixa no norte do estado, o que explica os baixos valores de NDVI e o atraso no plantio. No entanto, a previsão indica aumento da umidade, principalmente a partir de 12 de novembro. No Centro-Sul, as condições já são mais favoráveis, com alta umidade do solo.
No Mato Grosso, o índice de vegetação (NDVI) indica um início de safra mais lento em relação a 2023, porém ligeiramente antecipado quando comparado a 2024. A dinâmica da umidade do solo mostra maior semelhança com o padrão observado em 2024 do que com 2023, o que é um indicativo positivo.
Essa configuração é favorável, uma vez que, no ciclo 2024/2025, o clima colaborou para bons resultados. Agora, com níveis de umidade alinhados ao padrão recente, reforça-se uma expectativa otimista para o início da nova safra.
Em Goiás, a umidade do solo, que até recentemente se mantinha bem abaixo da média, apresentou melhora significativa nos últimos dias. As previsões indicam continuidade no aumento dos níveis de umidade nas próximas semanas, o que deverá favorecer o plantio e o estabelecimento inicial das lavouras de soja, atualmente atrasado em relação ao calendário ideal.
Apesar das previsões dos modelos ECMWF e GFS indicarem chuvas acima da média em boa parte do Brasil para os próximos dias, ambos apontam baixos volumes para o Matopiba.
Na comparação entre 05 e 12 de novembro, as projeções do modelo ECMWF sinalizam aumento da umidade do solo em grande parte da zona da soja, com exceção do Matopiba, onde o estresse hídrico deve permanecer severo, especialmente no Oeste da Bahia.