Previsões climáticas indicam que a seca no país pode persistir ou piorar até o fim de janeiro, com chuvas estimadas em apenas 35% do normal. No Brasil, destaque para o Paraná, onde as lavouras de soja semeadas precocemente serão as primeiras a serem colhidas, ainda na primeira quinzena de janeiro.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR
As previsões climáticas indicam que a seca no Brasil pode persistir ou até mesmo se agravar até o final de janeiro, com chuvas estimadas em apenas 35% do volume normal. Esse cenário já afeta os cultivos de soja, especialmente no Paraná, onde as áreas semeadas precocemente devem ser colhidas na primeira quinzena do mês. Fevereiro, porém, pode trazer condições climáticas mais favoráveis, ajudando a recuperar as safras de soja e milho, desde que resistam ao atual cenário.
Atualmente, 53% da safra de soja está em boas/excelentes condições, enquanto 4% enfrentam situação ruim, o dobro do ano passado, mas abaixo dos números mais robustos de anos anteriores.
Enquanto isso, na Argentina, a produção de soja e milho segue sob pressão climática. Segundo análise da Hedgepoint Global Markets, o país registrou chuvas 30% acima da média em novembro, mas o volume em dezembro caiu para apenas 80% do histórico. O coordenador de Inteligência de Mercado, Luiz Fernando Roque, e o analista sênior de Grãos, Ignacio Espinola, alertam que o clima seco das últimas semanas pode comprometer a produtividade, podendo levar à sexta temporada consecutiva de baixos rendimentos, com 2023 como pior exemplo.
No mercado financeiro, dezembro foi marcado por movimentações estratégicas de fundos, que ampliaram compras de milho e ajustaram posições no complexo da soja. As vendas de soja e farelo foram reduzidas, mas houve um aumento significativo nas negociações de petróleo. Essas mudanças refletem as expectativas para o próximo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o impacto do clima na produção sul-americana.
Safra e clima no Brasil
A colheita da nova safra de soja no Brasil está prestes a começar, com destaque para o Paraná, onde as lavouras semeadas precocemente serão as primeiras a serem colhidas, ainda na primeira quinzena de janeiro. “No início, a produtividade pode ficar abaixo do potencial devido à falta de chuvas na semeadura, mas espera-se uma recuperação ao longo da colheita, consolidando o Paraná como o segundo maior produtor de soja do país”, afirmam os analistas.

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Nos demais estados, atrasos no plantio devem postergar a colheita, especialmente no Mato Grosso, onde os trabalhos devem acelerar a partir de fevereiro. “Regiões Centro-Oeste e Sudeste devem intensificar a colheita na segunda quinzena de fevereiro, enquanto Norte e Nordeste iniciam no final do mês. Até o momento, as lavouras apresentam bom desenvolvimento, indicando uma safra cheia e recorde, com destaque para as regiões Centro-Oeste e Sudeste”, destacam.
No Rio Grande do Sul, há preocupação com o clima seco no início de janeiro, o que pode afetar o desenvolvimento das lavouras. Apesar disso, ainda é cedo para prever perdas significativas, desde que as chuvas voltem de forma regular em fevereiro.
A expectativa é de uma safra recorde no Brasil, superando 170 milhões de toneladas pela primeira vez, mas o clima no Rio Grande do Sul nos próximos 60 dias será decisivo.
Estados Unidos
Analistas internacionais projetam estoques finais norte-americanos de soja de 454 milhões de bushels (12,36 milhões de toneladas) para 2024/25, com a safra ajustada para 4,451 bilhões de bushels (121,14 milhões de toneladas). “Globalmente, os estoques de soja podem subir para 132 milhões de toneladas. O mercado segue atento ao clima na América do Sul, com possíveis ajustes mais relevantes em fevereiro, caso a situação na Argentina não melhore”, ressaltam.
Atividade dos Fundos
Em dezembro, os fundos ampliaram suas posições compradas em milho, alcançando um patamar próximo à média dos últimos cinco anos. No complexo soja, reduziram as posições vendidas em soja e farelo de soja, mas aumentaram as vendas no óleo de soja.