O trigo dá sinais distintos entre os hemisférios. Enquanto o plantio da safra 2025/26 ganha ritmo no Sul do Brasil, com destaque para o Paraná, as chuvas continuam dificultando o avanço das atividades no Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, a colheita da safra de inverno começa em ritmo lento, e o clima seco já causa apreensão nas áreas de trigo de primavera.
Segundo o Agro Mensal de junho da Consultoria Agro do Itaú BBA, o plantio no Paraná chegou a 78%, com a maioria das lavouras em boas condições. As chuvas recentes devem favorecer o desenvolvimento da cultura, que até o momento tem apresentado bom controle fitossanitário. Já no Rio Grande do Sul, o avanço está limitado: apenas 8% da área prevista foi semeada até o início de junho, devido à frequência das precipitações. A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma redução de 4,4% na área cultivada no estado em relação à safra anterior.
De forma geral, o trigo brasileiro deverá ocupar menos espaço neste ciclo. A Conab estima uma retração de 12,6% na área nacional para a safra 2025/26, puxada principalmente pela queda de 23,7% no Paraná. A relação de troca desfavorável para insumos como ureia e MAP, acima dos níveis de 2022, somada às perdas na safra passada, especialmente no Paraná, tem desestimulado o investimento por parte dos produtores. No Rio Grande do Sul, a preferência por outras culturas de inverno, como a canola, também deve reduzir o plantio do cereal.
No mercado internacional, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou novo relatório no dia 12 de junho, revisando para baixo os estoques finais globais de trigo para
Foto: Divulgação/Freepik
263 milhões de toneladas, três milhões a menos que a previsão anterior. Houve revisão para cima na produção da União Europeia e nas exportações dos Estados Unidos. A China também chamou atenção: diante da seca, o país aumentou sua estimativa de importação de trigo, de 3,3 para 6 milhões de toneladas.
Nos Estados Unidos, apenas 4% da safra de inverno havia sido colhida até a segunda semana de junho, em ritmo abaixo da média histórica. Por outro lado, 54% das lavouras estavam em boas ou excelentes condições. Já para o trigo de primavera, o número caiu para 53%, bem abaixo dos 72% registrados no mesmo período do ano passado — reflexo da baixa umidade em regiões produtoras.
Com menor área no Brasil e incertezas climáticas nos principais exportadores, o mercado segue atento à evolução das lavouras e ao comportamento dos preços nas próximas semanas.