A produção brasileira de soja para a safra 2024/25 está projetada em 172 milhões de toneladas, representando um aumento de 0,4% em relação à estimativa anterior de 171,2 milhões de toneladas e um avanço de 11% sobre a difícil colheita de 2023/24, que sofreu perdas severas em diversas regiões do país, aponta o mais recente levantamento da Datagro Grãos. Essa recuperação é resultado tanto do crescimento da área plantada, que alcança 48 milhões de hectares, 4% a mais que os 46,2 milhões de hectares do ciclo anterior, quanto da melhora de 7% no rendimento médio, que chega a 3.585 kg por hectare, segundo.
Foto: Divulgação/Sistema Faep
Apesar do início tardio da semeadura, dado o atraso das chuvas de primavera-verão no Centro-Oeste, a colheita da safra 2024/25 pôde ser completada dentro da janela normal, beneficiada por condições climáticas amplamente favoráveis durante o desenvolvimento das lavouras. Perdas ficaram concentradas no sul do Mato Grosso do Sul, oeste do Paraná e, especialmente, no Rio Grande do Sul, estado que já passa pela quarta quebra de safra consecutiva.
Com o ajuste nas projeções, a expectativa é de superávit, com a produção devendo superar o consumo interno em 576 mil toneladas, o primeiro saldo positivo após cinco anos consecutivos de déficit, embora modesto em comparação aos registrados em 2019/20 (+1,1 milhão de toneladas), 2017/18 (+1,2 milhão de toneladas) e 2016/17 (+2,7 milhões de toneladas). Para este ciclo, a Datagro estima que sejam esmagadas internamente 57,5 milhões de toneladas, 3% a mais que no ano anterior, e que sejam exportadas 111 milhões de toneladas, 11% acima da temporada passada. Esse balanço positivo ao longo do ano deve limitar valorizações muito expressivas nos preços do grão brasileiro, mesmo diante dos recordes de demanda.
Milho
A consultoria também elevou a expectativa de produção de milho no Brasil, com colheita projetada em 132,7 milhões de toneladas em 2024/25. O volume representa um aumento de 0,7% em relação às 131,7 milhões de toneladas estimadas no mês anterior e um avanço de 8,7% sobre à colheita 2023/24, que somou 122,1 milhões de toneladas.
Foto: Fernando Dias
A safra de verão está avaliada em 25,2 milhões de toneladas, 2% acima das 24,7 milhões de toneladas de 2023/24, mesmo diante de uma redução de 7% da área plantada, consequência de preços baixos predominantes ao longo de 2024 e custos de produção irregulares. O crescimento da produção é atribuído à expressiva recuperação da produtividade, a qual alcançou 6.608 kg/ha, recuperação de 9% frente aos 6.038 kg/ha do ciclo anterior.
O milho de inverno 2025, responsável por 81% da produção nacional, está projetado em 107,5 milhões de toneladas, próximo ao recorde histórico de 108,6 milhões de toneladas em 2022/23 e significativamente superior às 87,5 milhões de toneladas colhidas em 2023/24, quando as principais regiões produtoras sofreram com estiagem severa.
Em maio, a consultoria ajustou a estimativa de produtividade de 5.914 para 5.957 kg/ha, alcançando o maior rendimento já registrado para as lavouras de inverno no Brasil e superando em 7% o resultado de 2023/24. A área está estimada em 18 milhões de hectares, 4% acima do ciclo anterior e praticamente estável em relação ao levantamento anterior. O aumento da área neste ano foi consequência direta da valorização dos preços do cereal no último trimestre de 2024.
Mesmo com a forte produtividade, a expectativa é que a demanda supere a produção brasileira em 2,3 milhões de toneladas, com o quinto déficit consecutivo de cereal no país, ainda que menos severo que no ano anterior, 4,8 milhões de toneladas.
