StoneX: 3ª Revisão para a safra de cana-de-açúcar 2025/26 (abr-mar) no Centro-Sul

As chuvas em janeiro e fevereiro somaram apenas 223,4 mm, ponderando pelas áreas canavieiras do Centro-Sul (CS), um dos piores volumes já registrados na série histórica – sendo 35% abaixo da média. O cenário nesses últimos dois meses é praticamente o oposto de novembro-dezembro, bimestre que registrou precipitações 8% acima da normalidade.

Na virada do ano, boa parte do déficit hídrico encontrado ao longo do seco 2024 havia sido recuperado com as boas chuvas, aliadas à dias ensolarados que estimulam a fotossíntese das plantas.  Ainda no começo de janeiro, umidade do solo e os indicadores de saúde da vegetação nas regiões de cana no CS se encontravam em níveis adequados e acima da média histórica.

Após a diminuição significativa do volume de precipitações no primeiro bimestre de 2025, houve piora de alguns índices, com destaque para a umidade do solo, que apresenta queda e já se encontra abaixo da média em algumas regiões. Enfrentando temperaturas elevadas e alta incidência solar, a ausência de chuvas nos canaviais estimula a evapotranspiração e, assim, diminui a quantidade de água nos solos. Principalmente para áreas ainda em fase inicial de crescimento, esse fator pode ser negativo em termos de TCH.

Ainda é cedo para esperar cenários mais catastróficos, afinal, se teve um excelente início de entressafra em termos climáticos. Outros indicadores, como por exemplo o NDVI, seguem adequados, mas, por hora, o contexto atual de chuvas limita maiores ganhos e justifica o leve ajuste realizado pela StoneX em termos de moagem, de 611,4 MMt para 608,5 MMt em 2025/26.

Nos últimos dias, as previsões para março melhoraram em termos de chuva, com um acumulado que pode ficar acima da média, caso os volumes se realizem. No geral, as precipitações ainda devem ser mais esparsas e mantém-se a expectativa de início adiantado do próximo ciclo – que pode ser adiado caso as chuvas ganhem força.

Similarmente ao ciclo 2024/25, devido ao tempo majoritariamente seco no primeiro trimestre deste ano, o começo da temporada 2025/26 pode receber uma cana mais pobre em ATR e em qualidade, devendo o mix ser um pouco menos açucareiro no período do que o potencial para toda a temporada – elevando a oferta de etanol já em março.

O prognóstico para o TCH segue otimista, ao passo que novembro e dezembro trouxeram boa recuperação da situação hídrica. Contudo, o cenário esperado em janeiro mudou, principalmente do lado climático – que será discutido posteriormente. O número estimado para a produtividade, respondendo à queda nas chuvas, teve corte sutil de 79,4 ton/há para 71,9 ton/ha, ainda maior no comparativo com 2024/25.

Exercendo um contrafactual, caso este primeiro trimestre de 2025 mantivesse o ritmo de precipitação observado no final do ano passado, o TCH poderia se expandir para níveis ainda maiores, acima de 80 ton/ha ou até próximo de 82 ton/ha – patamares similares a 2015/16, mas que já se tornam improváveis.

Ainda, a área colhida permanece em tendência de queda vide impacto das queimadas e pelo fechamento “inflado” de 2024/25 dado o excesso de cana bisada. Portanto, a StoneX revisou a moagem em 2025/26, de 611,4 para 608,5 milhões de toneladas, queda anual de 2%, mas ainda quarta maior cifra da história.

 

Análise climática

Além do volume de chuvas, outros indicadores são importantes como base para a análise da situação atual da cana-de-açúcar. Como já mencionado, assim como foi todo o ano de 2024, o começo de 2025 enfrenta temperaturas acima da média histórica em todo Centro-Sul.

Aliada a seca, as altas temperaturas aceleram o processo de evapotranspiração, o que já vem sendo refletido pelos indicadores de umidade do solo – no final do ano, se posicionavam acima da média, ganhando forte recuperação entre setembro e dezembro, e hoje, já se encontram moderadamente abaixo da normalidade.

Apesar do cenário, os níveis de NDVI (que mede a saúde e a densidade da vegetação) continuam em patamares elevados e acima da média, ao contrário de 2014, por exemplo, quando, em um contexto de seca parecido, já via NDVI em 0,65 – contra 0,7 na normalidade e 0,74 sendo observado este ano. A resiliência do NDVI pode indicar que, de fato, ainda há cenário positivo para o TCH em 2025.

A desaceleração das chuvas no início de 2025 não foi o bastante para trazer um tom pessimista para o Centro-Sul em 2025/26. Isso porque a visão de que haverá “caminho aberto” para as usinas maximizarem o mix açucareiro em 2025/26 permanece, sendo ele estimado na casa de 51%.

Já no final de fevereiro, a StoneX estima que 62% da safra 2025/26 esteja fixada, tendo as usinas (ou parte delas) aproveitado a volatilidade do mercado em NY, especialmente de agosto a outubro de 2024 e nos primeiros meses de 2025. A escalada do dólar no ano passado também gerou oportunidades para fixação das exportações de açúcar.

O clima mais seco do que o normal, embora limite o ganho de TCH, tende a propiciar um ATR melhor, que foi revisado para cima nesta nova estimativa – para 141,1 kg/ton, sútil alta anual. Em 2025, é esperado um comportamento mais dentro da média para o indicador, que foi bastante prejudicado em 2024 pela instabilidade climática e pelas queimadas.

Nesse contexto, a produção de açúcar foi revisada de 41,5 para 41,7 milhões de toneladas, aumento de 4,2% em relação a 2024/25. De acordo com as perspectivas, dependendo das dinâmicas no setor de combustíveis, o espaço para mix e quantidade total de açúcar pode ser ainda maior – o que é ainda cedo para concluir.

A estimativa para as exportações de açúcar no CS fica ao redor de 32,9 milhões de toneladas em 2025/26. Com a entrada da safra, os volumes de embarque irão crescer, concentrando-se entre maio e outubro. Dessa forma, o trade flow de açúcar terá elevada presença do açúcar bruto brasileiro no terceiro trimestre do ano, já desenhando uma trajetória mais baixista no médio prazo em NY.

O mercado de etanol em 2025/26 tende a um cenário de menor demanda no comparativo com 2024/25. Isso porque, já no final de fevereiro, a paridade nas bombas estava fechada para o hidratado em algumas regiões do CS, como Goiás e Minas Gerais – e em São Paulo, se encontra ao redor de 68%.

Ao contrário do ano passado, o ciclo já iniciará com preços mais caros para o etanol, devendo sim apresentar queda ao longo do ano com a entrada da colheita de cana, mas com uma tendência de fortalecimento do consumo de gasolina comum a partir do início da entressafra.

Os estoques de passagem, por sua vez, ainda permanecem na tendência de finalizar 2024/25 acima da média histórica, limitando maiores altas para o álcool principalmente neste mês de março – mantendo também o consumo (embora em queda) ainda robusto na safra 2025/26.

A produção total do biocombustível deve chegar a 34,5 milhões de m³ na nova safra, uma queda de 2%. O que pode estimular a sua oferta este ano é a esperada aprovação do aumento da mistura do anidro na gasolina de 27% para 30%, – a data de início da medida ainda permanece incerta, entretanto.

Por fim, já no início da safra 2025/26, a capacidade de produção do etanol de milho deve ser de 10,3 milhões de m³/ano. A previsão da ANP é de que, no período que compõe o próximo ciclo, haverá a entrada de novas usinas e de uma capacidade ao redor de 600 mil m³ anuais – além da ampliação de outras unidades. Com isso, a StoneX estima 9,8 milhões de m³ do álcool de milho.

 

8ª Revisão para a safra 2024/25 (abr-mar) no Centro-Sul

Até a primeira metade de fevereiro, o Centro-Sul em 2024/25 já acumulava 614,4 milhões de toneladas, 5% abaixo de 2023/24 – safra que foi recorde. Quase finalizada, são poucas as variáveis que mudarão daqui para frente para o ciclo corrente, que se direciona para o patamar acima das 620 MMt.

Em março, o tempo seco acelera o início da temporada em boa parte das unidades do CS, o que pode depender se as previsões um pouco melhores para a segunda metade do mês se materializarem. Se em meados de novembro as boas chuvas e previsões positivas para os meses seguintes pareciam indicar pouca moagem em março, as atuais condições climáticas apontam para um cenário marginalmente acima da média, e a StoneX espera que o mês tenha 6,5 milhões de toneladas de cana moída.

No total da temporada, a moagem tende a um volume de 621,2 MMt, com um TCH médio de 78,5 ton/ha e cerca de 7,9 milhões de hectares colhidos. Importante retomar, a área colhida foi relativamente “inflada”, ao passo que até julho/agosto, volume atípico de cana bisada foi processado. Ainda, já em janeiro, estimamos que a idade média do canavial, elevada em 2024/25, contribuiu para um ganho de 1,5 ton/ha.

Em termos de mix, a proporção direcionada ao açúcar deve terminar em 48%, queda de 0,9%. Notoriamente, o mix açucareiro termina bem abaixo do potencial, uma vez que a elevada quantidade de impurezas na cana (refletindo o clima negativo entre nov/23 e mar/24) foi entrave para a fabricação de açúcar – que deve terminar em 40,0 MMt (-5,6%).

Destaca-se o elevado volume de vendas de etanol hidratado na região, respondendo à robusta vantagem do biocombustível nas bombas. As saídas ao mercado interno são estimadas em 21,6 milhões de m³, alta anual de quase 16%, propiciando uma queda dos estoques finais em 2024/25 – mas que ainda ficarão, como trazido, acima da média, trazendo uma perspectiva de queda na demanda no próximo ciclo, porém ainda com volume relevante.

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