Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – As exportações de soja do Brasil que tiveram como destino a China no primeiro bimestre registraram um maior fatia do total exportado pelo país em relação ao mesmo período de 2024, em meio a uma esperada guerra comercial de chineses com os Estados Unidos após a posse de Donald Trump.
Em janeiro e fevereiro, a China foi destino de 79% das exportações brasileiras de soja, versus 75% no mesmo período do ano passado, apontou nesta quinta-feira a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
A alta na fatia nos embarques brasileiros para a China, maior importador mundial de soja, aconteceu em meio a um recuo nas exportações totais do Brasil nos dois primeiros meses do ano.
As exportações do Brasil, maior produtor e exportador global, somaram 10,7 milhões de toneladas no primeiro bimestre, versus 12 milhões de toneladas no mesmo período de 2024, após um início mais lento nas atividades em janeiro, com uma quebra de safra em 2024 e um atraso no início da colheita de 2025.
“Esse efeito (da guerra comercial) ainda está em definição, embora, no curto prazo, os prêmios de exportação já tenham melhorado. Além disso, nos primeiros dois meses do ano, a China reduziu suas importações dos EUA e aumentou as compras do Brasil, que agora representam 79% das suas aquisições no mesmo período”, afirmou a Anec em relatório.
Os EUA estão em segundo lugar na produção e exportação de soja e disputam mercado com o Brasil.
Nesta semana, os chineses acabaram anunciando tarifas retaliatórias contra produtos agropecuários norte-americanos. A taxa adicional para a soja foi estabelecida em 10%.
A Anec avaliou que esse cenário “pode aumentar a demanda pelos produtos brasileiros”, mas ponderou que “o país pode não usufruir totalmente dessa oportunidade de mercado, já que a logística interna ainda é um fator limitante no escoamento da produção”.
Para o mês de março, a exportação de soja do Brasil para todos os destinos deve alcançar 14,8 milhões de toneladas, com crescimento de 1,25 milhão de toneladas na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a Anec, marcando o primeiro avanço mensal de 2025 na comparação anual.
No primeiro mês do ano, as exportações totais de soja do Brasil recuaram 1,3 milhão de toneladas ante janeiro de 2024, para 1,1 milhão de toneladas.
Em fevereiro, as exportações atingiram 9,586 milhões de toneladas, ainda abaixo das 9,61 milhões no mesmo mês do ano passado, segundo a Anec.
OUTROS PRODUTOS
Já a exportação de farelo de soja do país foi estimada em 2 milhões de toneladas neste mês, cerca de 250 mil toneladas acima de março do ano passado, segundo dados da Anec.
Os embarques de milho em março estão previstos em 337,6 mil toneladas, abaixo das mais de 4 milhões de toneladas registradas durante o primeiro bimestre deste ano, já que a soja tende a tomar espaço do cereal nos portos à medida que a colheita avança.
O volume previsto para a exportação de milho ainda deve superar em quase 200 mil toneladas o total de março de 2024.
(Por Roberto Samora e André Romani)