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Mais vendas de soja norte-americana para a China e demais destinos foram informadas nesta quinta-feira (11). Foram 490 mil toneladas, sendo 264 mil para a nação asiática e 226 mil para destinos não revelados e todo o volume é da safra 2025/26. Este já é o segundo anúncio nesta semana e, considerando apenas o que foi informado sobre a China, são 400 mil toneladas entre ontem e hoje.
Segundo explica o senior agriculture strategist da Marex e diretor da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin, somente nesta semana a China já comprou cerca de 20 barcos de soja norte-americana, mesmo com o produto mais caro do que de outras origens agora, em especial o Brasil. Com as compras mais recentes, o compromisso de comprar 12 milhões de toneladas da oleaginosa dos EUA já foi 50% cumprido pelos chineses.
No entanto, há entre os especialistas algumas dúvidas se este volume deverá ser alcançado no prazo previsto, entre o final deste ano e começo do próximo. Neste momento, tal qual aconteceu no mesmo período do ano passado, o sistema de quarentena da China pode “apertar” a fiscalização e aumentar o tempo médio de descarregamento dos navios, passando de 5 a 7 dias – tempo normal – para algo entre 20 e 25 dias.
O custos destes dias a mais, que são elevados, são pagos pelos compradores, que já estão com margens comprometidas e, por isso, os sinais são importantes. Mas, “quem controla o fluxo, controla a margem”, explica Vanin. E neste movimento, gera-se uma escassez de curto prazo de farelo de soja diante da diminuição do recebimento de soja e, consequentemente, do esmagamento, promovendo uma alta do derivado, como já está acontecendo na Bolsa de Dalian.
Paralelamente, há ainda uma demanda maior pela soja importada que é disponibilizada nos leilões realizados pela China, como o que aconteceu nesta quinta-feira de 512 mil toneladas, com aquisições de 400 mil, ou 77% do total. “Em uma amostra de 10 anos, este resultado fica no top 10, mas olhando para o volume, quase 400 mil, fica no top 3, terceiro maior volume vendido em um leilão de soja importada. E quem comprou foram as tradings, respondendo por 90%, para esmagamento”.
E a demanda por este produto é um termômetro considerável, que evidencia diretrizes da China para o mercado da soja que podem comprometer o fluxo da oleaginosa de maneira considerável.
“O ponto mais importante é este aperto da sistema da quarentena da China. E hoje divulgou novas regras, todas bem complexas, promovendo um atraso violento no descarregamento dos navios, podendo levar até 25 dias para liberar um navio para o crusher”, detalha Vanin. “A soja está ficando extremamente política e, 2026, que ainda nem começou, vai começar com um ‘tempero a mais’, com a soja do Brasil podendo ser penalizada. E isso acontece para dar vazão a estes leilões de rotação de reservas da Sinograin, que é soja americana. E se no ano que vem isso continuar, criando impedimentos para descarregar navios do Brasil isso vai impactar a demanda pela nossa soja e no comportamento dos prêmios também”, explica o diretor da Agrinvest.
Diante disso, Vanin afirma que 2026 não se mostra, até este momento, um ano para “carregar soja, uma vez que este tende a ser um fator de pressão sobre a formação dos preços da soja no Brasil, principalmente com o impacto sobre os prêmios.
Até aqui, os prêmios têm estado firmes – também em função das baixas recentes dos futuros da soja na Bolsa de Chicago – e pelas últimas preocupações com o clima nas semanas passadas. Uma boa rodada de chuvas, porém, chegou a importantes regiões produtoras e trouxeram um certo alívio aos produtores. Ainda assim, os sinais de alerta para a safra 2025/26 continuam em alerta devivo às últimas adversidades, com a saúde vegetal da soja abaixo da média em estados-chave de produção.
As estimativas de consultorias privadas para a produção brasileira de soja têm variado de 172 a 177 milhões de toneladas. Nesta quinta-feira, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou a safra atual em 177,123 milhões de toneladas. A instituição trouxe uma ligeira correção na área, de 49,063 para 48,935 milhões de hectares, enquanto a produtividade média foi mantida em 60,33 sacas por hectares (3,62 t/ha).