As relações entre China e Estados Unidos voltaram a piorar. Nesta sexta-feira (10), a nação asiática anunciou que vai começar a cobrar uma taxa de navios norte-americanos em docas de portos chineses. O início da cobrança se dará em 14 de outubro e uma resposta direta às taxas que os Estados Unidos impuseram aos navios da China que chegam aos portos do país.
A China cobrará 400 yuans (US$ 56) por tonelada líquida dos navios americanos, basicamente o mesmo valor que os US$ 50 por tonelada líquida que os EUA estão cobrando dos navios chineses. Pequim também combinou com os EUA planos de aumentar as taxas ao longo do tempo até 17 de abril de 2028, com as mesmas datas de vigência.
O comunicado do Ministério dos Transportes da China traz que a “as taxas dos EUA violam seriamente os princípios do comércio internacional e prejudicam severamente o comércio marítimo entre a China e os EUA”.
Assim, a China deverá cobrar cerca de US$ 56 – ou 400 yuans – por tonelada líquida dos navios americanos, basicamente o mesmo valor que os Estados Unidos cobram, de US$ 50 por tonelada dos navios chineses. Além disso, há ainda a possibilidade de que Pequim aumente as taxas ao longo do tempo até 17 de abril de 2028, com as mesmas datas de vigência.
“No curto prazo, isso resultará em um aumento nos custos para os consumidores dos EUA, uma diminuição nos lucros para os transportadores e um pequeno declínio na demanda por exportações para os EUA em certas categorias”, disse Michael Hart, presidente da Câmara de Comércio Americana na China à rede americana CNBC.
A notícia se somou às complicações também ligadas às questões de chips da Nvidia, tecnologia e terras raras, o que “azeda” ainda mais a relação entre as duas maiores economias do mundo.
O movimento já chega ao mercado da soja na Bolsa de Chicago, que vem intensificando suas baixas na sessão desta sexta-feira. Por volta de 12h20 (horário de Brasília), as cotações recuavam entre 15,75 e 17,25 pontos, levando o janeiro a US$ 10,21 e o maio a US$ 10,49 por bushel.
“Isso impacta não só o mercado spot, mas também a safra nova. Se tudo isso for adiado pelos dois países, pode ser resolvido no final do mês, no encontro entre Trump e Xi Jinping, mas ainda não se sabe. O mercado está reagindo”, afirma Eduardo Vanin, analista do complexo soja e diretor da Agrinvest Commodities. “Se você tira do supply as empresas americanas, sobra as demais para comprar grãos, na Argentina ou no Brasil, para concluir a cobertura. Ainda faltam 10 milhões de toneladas para cobrir os embarques de novembro, dezembro e janeiro”.
Diante dos útimos movimentos, o presidente americano afirmou que não tem motivo para se reunir com Xi na Coreia do Sul, ao final deste mês, e que está avaliando um aumento das tarifas sobre o país asiático. Segundo publicou em sua rede social, a Truth Social, que a China estaria enviando cartas a mais países afirmando que planeja controles de exportação sobre todos os elementos de produção relacionados às terras raras.
“Ninguém nunca viu nada parecido, mas, essencialmente, isso ‘entupiria’ os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo, especialmente para a China”, disse o presidente americano.
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