Chuvas excessivas em Mato Grosso e Paraná. Estiagem no Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. O cenário climático oposto tem impactado milhares de produtores rurais neste início de ano e pode comprometer a safra nacional de soja, estimada em 170 milhões de toneladas.
Diante das perdas no campo, cresce a preocupação com o endividamento dos agricultores. O direito à prorrogação das dívidas provenientes do crédito rural é um ponto fundamental nesse momento, alerta o advogado Acir Marcondes, especialista em Renegociação de Passivos e Direito Agrário.
Impactos no Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul

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No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura, informou que 23% da área cultivada com soja já foi colhida. No entanto, o excesso de chuvas comprometeu a qualidade das lavouras, aumentando a proporção de áreas classificadas como medianas ou ruins.
Já em Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, a colheita enfrenta atrasos devido às chuvas persistentes. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea), o processo está 1,41% mais lento do que no mesmo período do ano passado. A previsão meteorológica para as próximas semanas não é animadora: até 600 mm de chuva podem ser acumulados em algumas regiões centrais do estado, o que também ameaça a produção de milho.
No extremo oposto, no Mato Grosso do Sul, pelo menos 1,730 milhão de hectares ocupados com soja foram afetados pela falta de chuva nos últimos meses do ano passado. A área representa 38% dos 4,501 milhões de hectares plantados na safra 2024/2025. A quebra na produção estadual é considerada irreversível.
O mesmo fenômeno atinge o Rio Grande do Sul, que enfrenta uma estiagem severa. Com a falta de chuvas, lavouras de soja em estágio de desenvolvimento não se formaram adequadamente. A expectativa de quebra de safra chega a 80%, impactando diretamente a economia agrícola do estado.
Prorrogação x Renegociação de Dívidas: O que o produtor precisa saber
Diante das perdas no campo, como lidar com as dívidas? Segundo Acir Marcondes, é essencial que os produtores compreendam a diferença entre prorrogação e renegociação de crédito rural:
Prorrogação

Foto: José Fernando Ogura
É um direito do produtor. Ele pode solicitar ao banco, antes do vencimento da dívida, a reprogramação dos pagamentos sem alteração de juros ou garantias do contrato.
Renegociação
Diferente da prorrogação, a renegociação pode trazer armadilhas, pois os bancos costumam impor juros mais altos e exigências de garantias adicionais, como terras e maquinários – práticas ilegais, conforme o Manual de Crédito Rural.
“O produtor precisa estar atento para não cair em condições abusivas. Antes de aceitar qualquer proposta, é fundamental buscar orientação jurídica especializada”, reforça Marcondes, sócio do escritório Veríssimo & Viana Advogados.
Com a previsão de perdas agrícolas expressivas, o momento exige estratégia e conhecimento para preservar a saúde financeira no campo.