O melhoramento genético da soja tem sido peça-chave para garantir ganhos de produtividade e adaptação das lavouras brasileiras a condições cada vez mais desafiadoras. Quem afirma é Adriano Câmara, gerente de melhoramento da Latitude, que atua há quase duas décadas em pesquisa e desenvolvimento de cultivares.
Segundo ele, o Brasil percorreu diferentes fases no processo de evolução genética da cultura. “Passamos de um melhoramento clássico, desenvolvimento de cultivares biparental, hibridização, até o momento de seleção assistida, seleção genômica, fenotipagem digital, modelos preditivos e até edição gênica. Então são vários momentos do melhoramento”, destacou.
Um dos pontos centrais do trabalho atual é a adaptação às diferentes realidades do território brasileiro. “Para trazer a soja para o Cerrado, a gente tem que tropicalizar ela. A soja não é natural dos cerrados. A Latitude tem esse nome porque traz germoplasma para latitudes menores. Quando falamos em seleção diretamente no Cerrado, estamos falando em desenvolver tecnologia para adaptação à diversidade de solos, clima adverso, pragas, doenças e nematoides.”
A etapa de campo confirma que os avanços tecnológicos já trazem benefícios práticos para o agricultor. “Temos um germoplasma que promove alta variabilidade para depois fazer seleção com acurácia elevada, auxiliada por marcadores moleculares. Conseguimos selecionar tanto para biotecnologias quanto para doenças antecipadamente, o que dá velocidade aos programas. Além disso, a cobertura de testes e a fenotipagem de alta densidade permitem entregar produtos mais rapidamente, combinando rendimento, sanidade e estabilidade ano após ano.”
Nematoides: desafio crescente para a soja
Entre os principais avanços do melhoramento genético estão as cultivares com maior tolerância a nematoides, praga que causa prejuízos bilionários à sojicultura brasileira. Segundo Adriano Câmara, a busca por resistência a esses organismos é um dos focos mais estratégicos do setor. “Os nematoides vêm aumentando em incidência e agressividade, e a genética tem papel decisivo em oferecer ao produtor ferramentas mais eficazes de controle”, ressalta.
Além do foco em produtividade, o melhoramento busca entregar cultivares mais robustas e resistentes. “Temos nematoides para o Cerrado, que têm sido um grande desafio. Cisto, Galhas, Pratylenchus, doenças como mancha-alvo. A tolerância e a robustez das plantas ajudam a enfrentar o estresse hídrico, e a resistência permite uso mais eficiente de defensivos.”
De acordo com Câmara, o agricultor reconhece o valor do investimento em inovação genética. “Mexe diretamente na produtividade e nos custos. Os produtores estão valorizando cada vez mais a sanidade, resistência a doenças e a estabilidade produtiva dos materiais selecionados para cada região. A confiança, reforçada pelo suporte técnico, traz resultados consistentes para o produtor.”
Os desafios climáticos também crescem ano após ano. “Em diversas regiões, o desafio climático é uma realidade. Unir alta produtividade com resistência múltipla a nematoides, doenças e pragas é um grande desafio. Superar limitações de solos e adaptar plantas a climas extremos são tarefas que o melhoramento está na vanguarda para enfrentar.”
O próximo passo será acelerar os ciclos de desenvolvimento e incorporar inteligência artificial e edição gênica. “A empresa busca mais velocidade e ganho genético ano após ano, utilizando ferramentas como inteligência artificial, dados genômicos e seleção assistida. Isso permite antecipar seleções e resistências, trazendo produtos mais rapidamente. Também vemos cultivares customizadas, indicadas para regiões e problemas específicos, com portfólio bem embasado em novas tecnologias. No futuro próximo, biotecnologias e edição gênica serão próximas fronteiras para a Latitude.”
Por fim, Câmara reforça que a escolha da semente é estratégica. “O melhoramento é silencioso, mas traz muita informação. É na semente que se toma uma decisão estratégica. Material de alta performance precisa estar aliado a manejo adequado. A Latitude está na vanguarda em biotecnologias, com materiais adaptados ao Cerrado, de alta produtividade, performance e estabilidade.”