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Erros na identificação de lagartas podem comprometer a safra da soja; lavouras exigem cuidado desde o começo da safra

O plantio da soja avança em Mato Grosso e o produtor rural precisa ficar atento à possível ocorrência de pragas nas lavouras. “Essas espécies estão no ambiente, na lavoura. Tivemos uma safra recente de algodão, com alta pressão de lagartas, então, se naquela área foi registrada a ocorrência de uma praga, o produtor já sabe o desafio que tem para enfrentar agora com a soja”, alerta a pesquisadora Mariana Ortega, especialista na área de entomologia da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de MT (Fundação MT).

A pesquisadora relata ainda que, durante o desenvolvimento das plantas, os técnicos de monitoramento de campo podem ter dificuldades na identificação correta das lagartas do gênero Helicoverpa spp., que podem causar prejuízos significativos, sobretudo quando confundidas com outras pragas como a Spodoptera frugiperda.

As lagartas Helicoverpa armigera e Helicoverpa zea são morfologicamente idênticas, em todos os estágios de desenvolvimento, podendo ser diferenciadas com precisão apenas com análise molecular. Além disso, essas duas espécies são semelhantes à espécie Spodoptera frugiperda nos estágios iniciais de desenvolvimento, especialmente até o segundo instar (fase larval logo após a eclosão do ovo). No entanto, sua identificação correta é essencial para o sucesso do controle químico e biológico, pois cada espécie pode responder de forma diferente aos produtos aplicados. A Helicoverpa armigera é encontrada com mais frequência nas áreas de soja e algodão, enquanto a Helicoverpa zea está presente principalmente no milho, mas já foi identificada causando danos também na soja. Ambas têm preferência por estruturas reprodutivas da planta, como botões florais e vagens, sendo mais críticas a partir do estágio reprodutivo da soja.

“O primeiro desafio no campo é encontrar a lagarta, que, nos estágios iniciais, é muito pequena e se esconde nas folhas novas. Depois, vem a dificuldade de identificar corretamente qual é a espécie. E isso faz toda a diferença no tipo de produto a ser utilizado”, explica Mariana Ortega.

Um erro de identificação pode levar à escolha inadequada do defensivo agrícola, o que não apenas aumenta os custos com reaplicações, mas também potencializa os danos à lavoura. Em casos relatados à Fundação MT, produtores chegaram a perder áreas inteiras após utilizarem produtos ineficazes para aquela espécie.

“Se o técnico confunde com uma Spodoptera frugiperda e aplica um produto voltado para essa espécie, a lagarta Helicoverpa pode não ser controlada. Ela vai continuar se alimentando da planta e causando danos até uma nova aplicação ser feita, o que aumenta o custo e o risco de perda de produtividade”, explica Mariana Ortega.

Para ajudar no manejo correto dessas pragas, a Fundação MT desenvolveu um kit que facilita a identificação de lagartas. O material é produzido em laboratório com exemplares reais, preservados em resina, e mostra as diferentes fases de desenvolvimento das principais espécies de lagarta, permitindo a comparação. O kit é especialmente útil nos estágios iniciais, quando as diferenças são muito sutis. A Fundação MT ainda realiza treinamentos técnicos em fazendas, capacitando as equipes responsáveis pelo monitoramento de pragas nas lavouras.

“O pessoal gosta bastante dos kits porque ajuda a visualizar o tamanho real das lagartas. Muitos se surpreendem ao ver que uma lagarta de terceiro instar é bem menor do que imaginavam”, comenta a entomologista.

A Fundação mantém uma criação contínua de várias espécies de lagartas em laboratório, o que permite produzir kits com todas as fases da praga: do ovo até a pupa.

Spodoptera frugiperda também preocupa desde o começo da safra de soja

Outra praga que pode causar danos na fase inicial é a Spodoptera frugiperda, geralmente vinda de culturas anteriores, como milho e algodão, em estágios mais avançados. Essas lagartas maiores têm capacidade de cortar plantas recém-emergidas, o que reduz o estande e compromete a produtividade da lavoura desde o começo.

“Helicoverpa armigera ou Helicoverpa zea também podem estar presentes nesse estágio, mas ficam mais escondidas e agem como desfolhadoras. A partir do reprodutivo, as duas se tornam ainda mais perigosas porque atacam estruturas como flores e vagens”, reforça a pesquisadora.

Algumas cultivares de soja entram no estágio reprodutivo com apenas 30 a 40 dias após a semeadura. Por isso, o monitoramento minucioso desde os primeiros dias é fundamental para garantir uma lavoura saudável e produtiva. “É um tempo curto. Então, se eu não monitorei bem a minha cultura, não controlei bem essas lagartas, caso elas ocorram, e cheguem ao estágio reprodutivo, eu já tenho lagartas grandes, mais difíceis de controlar e mais dano elas vão causar. Então, por isso que nessa fase inicial é bem importante a gente monitorar bem e, se for o caso, já entrar com algum controle”, alerta a pesquisadora da Fundação MT.

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