GENEBRA, 14 de maio (Reuters) – As exportações de soja dos EUA podem cair 20% e os preços pagos aos agricultores despencarão se os Estados Unidos e a China não conseguirem resolver a disputa comercial que limita a soja norte-americana de seu maior mercado, disse a consultoria de agronegócio AgResource na quarta-feira.
A trégua temporária na guerra comercial entre EUA e China, anunciada na segunda-feira, não ajudaria os agricultores americanos a reavivar as vendas de soja na China, já que as taxas chinesas, mesmo reduzidas de 145% para 10%, continuaram altas demais para tornar a soja americana competitiva, disse o presidente da AgResource, Dan Basse, à Reuters.
As exportações de soja dos EUA podem cair para 1,5 bilhão de bushels, de uma estimativa inicial de 1,865 bilhão, sem um acordo substancial, disse Basse durante a conferência GrainCom em Genebra.
Ao mesmo tempo, os contratos futuros de soja dos EUA na Bolsa de Chicago podem cair até US$ 9 por bushel, em comparação com US$ 10,6 por bushel negociados na quarta-feira, disse Basse.
“É importante que qualquer acordo comercial entre EUA e China seja fechado até o final do verão, ou a previsão de exportação se tornará realidade, pressionando a renda agrícola dos EUA. O tempo está passando”, disse ele.
Em contraste, se um acordo trouxesse as tarifas de volta ao nível anterior, os preços da soja poderiam subir até US$ 13 o bushel, ele acrescentou.
“A trégua ajuda, mas o Brasil terá mais 20 milhões de toneladas de soja para exportar em 1º de setembro”, disse Basse.
A China tem sido um mercado crítico para os agricultores dos EUA, representando mais da metade das exportações de soja dos EUA no ano de comercialização mais recente.
No entanto, os agricultores americanos temem que a suspensão tarifária não seja suficiente para ajudá-los, já que o Brasil, o maior fornecedor de soja para a China, tem amplo suprimento de uma colheita recorde, preços mais baixos e seus agricultores não enfrentam nenhuma tarifa chinesa.
A China, maior importadora de produtos agrícolas do mundo, já obtém cerca de 70% de suas importações de soja do Brasil.
Em outras safras, o milho e o trigo seriam menos impactados, mas os preços em Chicago também cairiam drasticamente, para até US$ 3,70 para o milho, de US$ 4,40 na quarta-feira, e US$ 4,9 de US$ 5,56, disse ele.
Reportagem de Sybille de La Hamaide; Edição de Christian Schmollinger e Emelia Sithole-Matarise