Nesta semana, as fortes chuvas que atingiram o Tocantins provocaram paralisações no campo, atrasando o plantio da safra de soja 2025/26 e comprometendo a janela ideal de cultivo. As precipitações intensas, associadas às altas temperaturas, têm limitado o avanço das operações e colocado em risco o calendário agrícola. Segundo o engenheiro agrônomo Thiago Facco, o ciclo começou de forma promissora, mas as condições climáticas adversas vêm se intensificando e dificultando o andamento da semeadura em diversas regiões.
Para os agricultores que iniciam o plantio em novembro, o alerta é claro: preparo antecipado e manejo técnico do solo serão determinantes para compensar a janela tardia e assegurar boa produtividade. Isso inclui atenção às correções químicas, à estrutura física e à homogeneidade da aplicação de insumos. Embora as práticas variem conforme o perfil de cada propriedade, os princípios básicos de preparo são comuns e têm impacto direto no desempenho da lavoura.
Foto: Divulgação/Arquivo OPR
A semeadura da soja no Brasil ocorre entre setembro e dezembro, variando conforme o clima e o zoneamento de cada região, além do vazio sanitário, período em que é proibido manter plantas vivas da cultura.
No Mato Grosso, cerca de 76% da área prevista já está semeada, segundo dados recentes. Em Goiás, o avanço é de aproximadamente 50%, com o período se estendendo até a primeira quinzena de dezembro. No Paraná, a semeadura teve início em 11 de setembro e se estende até 31 de dezembro. Já no Rio Grande do Sul, a janela vai de 1º de outubro a 31 de dezembro. Em São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Piauí e Tocantins, o calendário varia conforme a altitude, umidade e regularidade das chuvas, fator que, neste ano, vem sendo especialmente desafiador.
No Tocantins, o plantio, iniciado em 1º de outubro, sofreu impacto direto das chuvas. Regiões que vinham em ritmo acelerado agora registram atrasos e perspectivas de redução na área cultivada e na produtividade da segunda safra.
Para minimizar perdas, especialistas recomendam que o agricultor realize análises químicas do solo, avaliando pH, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, e promova a calagem com antecedência mínima de 30 dias, para correção da acidez. O preparo físico do solo, com incorporação de resíduos vegetais e manejo homogêneo de insumos, é outro passo essencial.
Além disso, o controle de plantas daninhas e a rotação de culturas seguem como pilares do manejo sustentável, favorecendo a sanidade do solo e o equilíbrio produtivo. “Há sempre oportunidade de corrigir em tempo eventuais falhas, desde que se acompanhe de perto o desenvolvimento vegetativo e a saúde do solo, que tem muito a dizer”, observa Facco.
Com planejamento técnico, manejo antecipado e atenção à variabilidade climática e logística, os agricultores que semeiam em novembro podem alcançar bons resultados. No campo, costuma-se dizer que a eficiência agronômica começa no preparo e se consolida na colheita, e o Brasil segue como referência nesse caminho.