Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) – A processadora de soja CJ Selecta, uma unidade da sul-coreana CJ CheilJedang, pretende certificar o dobro de soja geneticamente modificada no Brasil por meio do sistema de certificação RTRS, disse Patricia Sugui, diretora de ESG da empresa.
Falando à margem de um evento de dois dias sobre soja sustentável que terminou nesta quinta-feira em São Paulo, Sugui estimou que a CJ Selecta origina entre 800.000 e 1 milhão de toneladas métricas de soja no Brasil anualmente.
Cerca de 50% do que a CJ Selecta compra localmente é soja transgênica, disse ela. No entanto, apenas cerca de um terço é certificado.
“Queremos dobrar esse número até 2027”, disse Sugui.
A outra metade da originação de soja da CJ Selecta no Brasil, composta de soja não transgênica, é 100% certificada pelo padrão ProTerra, disse ela.
O aumento da originação de soja certificada é uma vantagem para a reputação do setor de processamento e pode reduzir a pegada de carbono da soja.
Sugui disse que, de acordo com as medições da CJ, cada quilograma de SPC (proteína concentrada de soja) produzido pela empresa no Brasil gera entre 0,388 e 0,617 quilogramas de CO2 equivalente.
Isso se compara a alguns cálculos internacionais que, usando metodologias que não levam em conta as peculiaridades da agricultura tropical brasileira, colocam a pegada de carbono da soja produzida aqui entre 4 e 6 quilos, disse Sugui. “Esses números não nos representam.”
O padrão RTRS envolve a produção, o comércio e o uso de soja responsável, envolvendo várias partes interessadas na cadeia de suprimentos.
Em 2024, a produção de soja certificada pela RTRS ultrapassou 6,8 milhões de toneladas em todo o mundo, de acordo com dados da associação da soja responsável (RTRS, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos com sede na Suíça que fornece a certificação RTRS. O Brasil foi responsável por 80% desse volume.
A CJ Selecta exporta subprodutos da soja para 39 países, incluindo SPC usado na Noruega e no Chile para ração na alimentação de peixes.
Em janeiro, de acordo com Sugui, a CJ Selecta testou um sistema piloto para rastrear uma carga de SPC de cerca de 16.000 toneladas com destino à Europa, antes da entrada em vigor da nova lei de desmatamento do continente, que exige a implementação de uma cadeia logística especial.
A lei da UE proíbe a importação de commodities como soja, carne bovina, cacau e óleo de palma vinculados ao desmatamento.
(Reportagem de Ana Mano)