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Soja 25/26 do Brasil: Setembro chega com início do plantio, atenção ao calor intenso e ao momento das vendas

Lavoura de soja

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A chegada do mês de setembro nesta segunda-feira traz também o fim do período do vazio sanitário da soja, marcando o início da nova safra de soja no Brasil. Neste dia 1º, algumas regiões do Paraná – segundo maior produtor da oleaginosa no Brasil – já podem começar seus trabalhos de campo de uma temporada que deverá contar com o crescimento de área mais modesto dos últimos 21 anos. 

Veja o calendário completo:

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Assim, sojicultores de todo o país estão agora focados nas condições climáticas de suas regiões, considerando não só as chuvas, mas níveis de umidade do solo, temperaturas e até mesmo a ocorrência de um La Niña. Institutos de meteorologia afirmam que, até aqui, o que os mapas mostram é que caso o fenômeno ocorra seja de baixa intensidade. 

O clima é, de fato, o ponto central de atenção agora, porém, os produtores rurais dividem suas atenções com o cenário de crédito escasso, juros altos, insegurança jurídica, econômica, mas tudo isso sendo equilibrado pela coragem destes profissionais sendo renovada a cada nova safra. 

“Com os custos para formar lavouras já muito altos imagine formar novas áreas! Por mais que o Brasil tenha ainda uma grande área para ser explorada, neste ano, a cautela faz o produtor buscar não se endividar. E até mesmo o produtor que está capitalizado, que poderia fazer um aumento, com todas essas incertezas que vem assolando a atividade, faz ele se manter mais cauteloso”, afirma o presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon, em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

Buffon destacou ainda que a safra 2025/26 de soja deverá ser marcada também por um ajuste na adubação por parte dos sojicultores, reduzindo parte de seus investimentos, otimizando os nutrientes que foi aplicando em suas áreas nos últimos anos. 

A perspectiva do presidente é semelhante à análise de Jeferson Souza, analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities. Afinal, ambos trouxeram que os altos preços de todos os grupos de matérias-primas estiveram em elevação no período das aquisições, com momentos de relações de trocas bastante ajustadas, as quais não só ajustaram as margens dos sojicultores, como fizeram com que a comercialização da soja entrasse em setembro, mês de início de semeadura, bastante atrasada. 

Segundo Souza, o mercado de fertilizantes para a soja 2025/26 está na reta final, porém, com o estado do Rio Grande do Sul – por todos os problemas que o produtor gaúcho enfrenta há, pelo menos, quatro safras em função das severas adversidades climáticas – ainda chamando atenção pelo “atraso” que se observa nas compras. 

“O Rio Grande do Sul ainda teria próximo do mercado em aberto 35%. Este é um estado que planta mais tarde, porém, tem um percentual comparada aos seus pares que é muito maior. A desconfiança agora do mercado é sobre o tamanho da redução da adubação no Rio Grande do Sul. Haverá redução, isso já está consumado, pela conjuntura que nós temos. A nossa dúvida é sobre o tamanho dessa redução e os próximos 30 dias serão essenciais para entendermos isso”, afirma Souza. 

Embora os preços estejam, neste momento, virando uma chave e passando a recuar no mercado brasileiro para os fertilizantes, os produtores que farão suas compras mais a frente ainda poderão enfrentar alguma dificuldade, principalmente pelas questões logísticas. 

Todo este cenário deixou o sojicultor reticente em avançar com as vendas de soja 2025/26 no Brasil inteiro. 

“A comercialização da safra nova, que vai começar a ser plantada nos próximos dias, pelo que temos visto, tem um dos ritmos mais atrasados dos últimos 10 anos pelo menos. O produtor está vendo as cotações futuras que, neste momento, estão menores do que as atuais e acaba segurando as vendas, o que nos deixa com menos de 20% da safra negociada frente a média para este momento que seria acima de 25%. E em alguns anos, tivemos mais de 30% da safra que vai ser plantada já negociada”, afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting”. 

Com este atraso, o que preocupa é o Brasil caminhar para um novo recorde de área – apesar do incremento mais modesto – com a grande chance de um novo recorde de safra. “E com isso, o produtor ficaria com muita soja para ser negociada na colheita, isso não é nada bom em ano de super safra”, complementa. 

Brandalizze destaca que apesar de o país ter tido uma safra recorde neste ano, o mercado brasileiro da soja contou com a disputa comercial entre China e Estados Unidos, com a demanda da nação asiática concentrada no Brasil, o que garantiu prêmios bastante altos durante quase toda a temporada, apesar de toda a oferta. No entanto, o começo do próximo ano pode ser de pressão sobre os prêmios e necessidade de monitoramento constante sobre as relações sino-americanas.

“Em ano de muita oferta de soja e portos limitados para embarque – com o nosso limite estando em torno de 15 milhões de toneladas mensais – pode ter aquele velho período de colheita, de entrega – que vai de fevereiro a maio – de prêmios negativos, porque teremos muita soja, o embarque necessário limitado e não vai ter a agressividade compradora que tivemos esse ano. Eu acredito que os meses de março, abril e maio serão meses que o produtor deva ter muita cautela, não deixar para vender neste período porque vai ter muita oferta”, orienta o consultor.   

Apesar deste período de maior pressão, no entanto, Brandalizze acredita que, na média, o mercado da soja será melhor para o produtor brasileiro será melhor na safra 2025/26. 

A nova safra de soja do Brasil mostrou, nos últimos dias, uma diferença de R$ 5,00 a R$ 8,00 por saca, base portos, em relação à soja disponível, para baixo. Todavia, se comparados ao mesmo período do ano passado, os níveis são melhores, porém, os custos são mais elevados, como explica o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro. 

“Se olharmos para a adubação, nas análises de custos de Pátria, tivemos um aumento médio de 2,6 a 3,5 sacas por hectare mais caro o pacote de adubação do que no ano passado. Por outro lado, para quem comprou no momento adequado, sementes e químicos mais baratos. Se olhamos para a relação geral de custos, ela não oscilou tanto em comparação ao ano passado. Na relação geral de custos ficaram próximas da safra 2024. Porém, os preços são um pouco melhores, mas não geram uma faísca de ânimo para o produtor avançar com ânimo nas vendas”, diz. 

A Pátria, em seu primeiro levantamento para a nova safra de soja do Brasil, estima a área dedicada à oleaginosa em 48,13 milhões de hectares, 1,43% a mais do que na safra 2024/25. A produtividade esperada é de 57,68 sacas por hectare, de acordo com um levantamento feito por projeção estatística, seguindo metodologia Pátria. Assim, a safra é estimada em 166,56 milhões de toneladas. 

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E O CLIMA PARA O PLANTIO DE TODA ESSA SOJA?

Setembro começa com atenção às altas temperaturas, segundo informa a Climatempo. 

“Temperaturas em torno dos 40°C ou poderão ser observadas nos próximos dias em locais da região Centro-Oeste, do Pará, Tocantins e em locais do interior do Nordeste. Mas uma grande elevação de temperatura também está sendo esperada para a região Sudeste, com temperaturas que poderão alcançar valores entre 34°C e 37°C em áreas do oeste e norte de São Paulo e de Minas Gerais. O estado do Paraná também vai sentir um grande aquecimento na primeira semana de setembro, com temperaturas que poderão alcançar marcas entre 34°C e 36°C em áreas do noroeste do estado”, informam os meteorologistas da Climatempo.

O mapa abaixo mostra as anomalias de temperatura para este mês, com as regiões coloridas em vermelho acima da média. 

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Anomalia de chuvas para setembro – Mapa: Climatempo

Eles explicam ainda que  a circulação de ventos quentes sobre todo o Brasil deverá dificultar a formação de nebulosidade, reduzindo os níveis de umidade do ar, trazendo alguns alerta aos produtores. Com isso, as chuvas deverão ficar concentradas, nesta primeira semana, no Rio Grande do Sul. Além disso, “a Climatempo prever a possibilidade de onda de calor ainda na primeira quinzena de setembro”.

Para as chuvas em setembro, a empresa traz também a previsão com volumes levemente acima da média em partes do Centro-Oeste, norte de Minas, sul da Bahia, Tocantins e partes do Pará, como mostra o mapa abaixo. 

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Anomalia de precipitação para setembro – Mapa: Climatempo

Sobre o La Niña, a Climatempo afirma que sua “formação vem aumentando e as últimas análises dos principais centros de monitoramento do clima global já apontam para um novo evento em meados da primavera de 2025”.

Veja os detalhes da previsão para setembro por região pela Climatempo:

Região Sul
– maior quantidade de dias quentes do que em agosto, com picos de calor intenso especialmente no oeste dos estados e no norte do Paraná
– Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná têm muita chuva nos primeiros 7 a 10 dias do mês
– risco de tempestades nos três estados
– Uma uma frente fria poderá trazer novos temporais e queda de temperatura acentuada no fim do mês

Região Sudeste
– primeira semana do mês quente e seca
– risco de onda de calor na primeira quinzena e no começo da segunda quinzena do mês, afetando especialmente oeste e norte de São Paulo e de Minas Gerais
– volume de chuva um pouco abaixo da média no oeste de São Paulo
– volume de chuva um pouco acima da média em no norte e leste de Minas Gerais e no Espírito Santo
– aumento gradual da frequência das pancadas de chuva e com maiores volumes na última semana do mês
– episódios de levantamento de poeira (“cortinas” e redemoinhos) podem ocorrer no norte e oeste de São Paulo e no Triângulo Mineiro

Região Centro-Oeste
– calor intenso ao longo de praticamente todo o mês
– ondas de calor são prováveis na primeira quinzena e no começo da segunda quinzena do mês; o calor de 40°C será experimentando por várias áreas de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul
– volume de chuva dentro a um pouco abaixo da média em Mato Grosso do Sul
– volume de chuva um pouco acima da média em Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, mas quase toda a chuva deve ocorrer de meados para o fim da primeira quinzena de setembro.
– há risco de temporais, mas de forma bastante irregular e em pequenas áreas
– episódios de levantamento de poeira (“cortinas” e redemoinhos) podem ocorrer antes das pancadas de chuva.

Região Nordeste
– costa leste do Nordeste terá um pouco menos de chuva do que o normal
– interior dos estados com calor intenso, com picos de 38°C a 40°C especialmente no Maranhão, Piauí e oeste da Bahia
– começa o “b-r-ó bró do Piauí
– sul do Maranhão, sul do Piauí, centro, sul, oeste da Bahia começam a ter pancadas de chuva na última semana do mês e deve chover um pouco acima do normal

Região Norte
– no sul do Amazonas e do Pará, no Acre e em Rondônia, o aumento na
frequência e nos volumes de chuva ocorre ainda na primeira quinzena de setembro
– na porção norte do Amazonas e em Roraima, deve chover menos do que o normal
– no Tocantins, as pancadas de chuva devem ocorrer na última semana do mês
– calor em torno dos 40°C deve ser observado no Tocantins e no leste do Pará
– temperatura um pouco abaixo do normal no sul do Amazonas, Acre e Rondônia devido ao excesso de nebulosidade e chuva

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