Os preços da soja registraram mais uma semana de baixas na Bolsa de Chicago, acumulando perdas de quase 1% entre as posições mais negociadas. Nesta sexta-feira (8), os futuros da oleaginosa terminaram o pregão recuando entre 4,50 e 7 pontos, mas o contrato maio acumulou perda de 0,82%, para concluir a semana com US$ 9,67 e o novembro com US$ 9,86 e baixa acumulada de 0,70%.
Se em Chicago a semana foi de baixas acumuladas para os futuros da soja, no Brasil, novamente, os dias foram de escalada dos prêmios, que registraram seus mais altos níveis desde 2018, favorecidos, justamente, pela demanda forte da China no país.
“A cobertura da China para setembro está completa e outubro supera 40%, mas ainda sem compras de soja americana. O basis no Brasil e Argentina segue em alta, enquanto as margens de esmagamento na China começam a piorar”, explicam os analistas da Agrinvest Commodities.
Somente nesta semana, a China comprou cerca de 28 barcos de soja da safra velha do Brasil, com prêmios altos, tendo subido 30 cents de dólar nas principais posições. Na semana anterior, foram 26 navios e um ganho nos prêmios de 15 cents, relatou o analista do complexo soja e diretor da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin, em uma live realizada no canal Grão Guru, do Youtube, nesta sexta-feira.
“A situação atual é insustentável como está”, afirma Vanin.
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Por outro lado, o que também chama a atenção no cenário brasileiro são as margens de esmagamento das indústrias nacionais que não estão em um bom momento agora. Os preços do farelo de soja testam suas mínimas em diversos anos e os valores do grão estão elevados – em especial por conta dos prêmios historicamente altos – o que deve fazer, portanto que o esmagamento seja menor do que o inicialmente estimado no Brasil
“Será um desafio para o esmagamento no Brasil até o final do ano”, afirma o trader de commodities da Granel Corretora, Gilberto Leal. “E um outro desafio que temos é até onde temos qualidade da soja para atender aos chineses nestas janelas de setembro e outubro. Isso é um baita desafio”.
O analista da Agrinvest complementa dizendo que “se a China continuar só comprando aqui e o ritmo for esse, que é até maior do que o ritmo do farmer selling, somado à questão da da falta de soja padrão exportação no Arco Norte e pensando em Santos também, daqui a pouco o prêmio vai estar 400 cents no destino, 300 aqui, a soja americana não sai do lugar. Margem super negativa para a nossa indústria, vai faltar óleo, faltar biodiesel. Enfim, é uma super distorção. A solução seria a China inserir no seu cardápio soja americana também”.
BOLSA DE CHICAGO
O mercado segue pressionado por seus fundamentos. A nova e boa safra se desenvolvendo nos Estados Unidos com a China ainda ausente das compras no mercado norte-americano continua sendo a principal combinação de fatores que pesa sobre as cotações neste momento.
Todavia, nesta quinta-feira (6), o mercado conseguiu recuperar parte de seu fôlego com as vendas semanais para exportação que foram reportadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) acima das expectativas do mercado, tanto para a soja da safra velha, quanto da nova. E isso considerando ainda a China fora do mercado.
Além disso, na próxima semana o USDA traz seu novo reporte mensal de oferta e demanda e as expectativas indicam a possibilidade de uma redução na estimativa do departamento para as exportações norte-americanas, ao passo em que pode manter ou até mesmo trazer um leve aumento na projeção da safra 2025/26.